O existencialismo é um ninho que chocou algumas das tendências religiosas mais desprezíveis. O destaque vai o universalismo. Seu deus não é justo, mas suficientemente amoroso para criar brechas na lei, que expliquem a impunidade do pecado. Chega ao ponto de dar mais amplitude para a idéia de conversão. Na sua conotação mais light, nem sempre há lugar para arrependimento, mudanca de vida e abandono do pecado. No final todo mundo, por pior que seja, será salvo. O Céu que oferecem é construído por nós e não por Deus. Se sou o arquiteto e o construtor da minha morada eterna, posso fazer uma planta capaz de se adaptar as minhas próprias vontades. O Céu é meu e não de Deus e eu é que decido se quero ele morando comigo ou não.
Neste escopo doutrinário a justiça e o amor de Deus podem ser visará como realidades irreconciliáveis. O amor corrige, mas não pune, enquanto a justiça corrige, mas não condena. Por este motivo, não encontraram lugar para o inferno, e transformaram o Céu em um lugar de impunidades. A Justiça Eterna não é vista como uma qualidade, mas como um desvio.
Recentemente o Papa Francisco, contrariando a soteriologia Católica, declarou que basta permanecer fiél ao seu credo religioso, seja ele qual for, para garantir sua morada eterna. Isto parece incluir as alas mais radicais do islamismo e não com uma convocação para uma mudança de vida. Esta filosofia religiosa cresceu entre aqueles que procuram uma fé cravejada de jurisprudências e relativismos morais.
Satanistas, bruxos, oculistas e demais adeptos de religiões de mistério serao salvos por sua fidelidade ao que suas entidades pedem, inclusive a prática do sacrifício humano. Neste cristianismo filosófico, o ateu só precisa ser fiel a sua crença não religiosa, para ser salvo.
Uma das doutrinas mais marcantes da chamada Teologia Alemã encabeçada por Kirkegard é o sentido conotativo das palavras, ou seja uma reinterpretação do significado de expressões como redenção, céu, inferno, etc. Alguns componentes deste ambiente teológico, conseguiram matar Deus e incluíram em seu arcabouço doutrinário a "Doutrina do Deus Morto". Em outras palacras: a vida, segundo eles, foi criada por um Deus que já morreu. Sem dúvida alguma este tipo de Deus merece ser escrito com letras minúsculas.
Não há lugar fixo na Teologia Contemporânea, para uma linha divisória bem definida, que separe o mal do bem, as trevas da luz, o certo do errado e o aceitável do inaceitável. Esta linha pode ser empurrada mais para lá ou para cá, dependendo ao sabor das nossas preferências pessoais e de nossas conveniências.
Segundo esta mesma escola, não é no dicionário que devemos buscar o significado de termos classificados como amplos, mas na sua própria mente, emoção e tendências e gostos pessoais. Sua teologia é multicolorida, multiforme e possui muitas caras.
Quem se contenta com ouvir o discurso final não leu os compêndios teológicos dos teólogos que originaram o sistema, nem conhecem o subjetivismo das suas interpretações pessoais. Para tornar a relativização teológica mais light ainda, montaram um esquema hermenêutico que os ajuda a decidir quais porções das Escrituras é palavra de Deus ou não.
Estes teólogos crêem que a Bíblia apenas contém a Palavra de Deus. Quais porções contém e quais não as contém, fica por conta de cada um. Sartre e Pascal são defensores da hermenêutica sem regra. A Teologia liberal criou uma colcha de retalhos doutrinária muito extensa e cavaram um buraco onde cabe qualquer coisa.
Todos aqueles que se cairam neste buraco concordam até com as sua discordâncias, excetuando apenas, a interpretação mais tradicional, que entende haver apenas uma única verdade. O sentido conotativo engoliu a verdade absoluta e construiu o relativismo.
O seu Deus é deste século e não do século vindouro e foi criado segundo a imagem e semelhança de cada um. São eles que enviarão milhões de pessoas para o inferno, e não Deus. Neste buraco, a oração errada é aquela que não foi feita. Inclua aqui até mesmo a oração na qual pedimos a destruição de nossos inimigos e a intervenção divina em benefício de nossas maracutaias.
Para nós, o cristianismo bíblico é o único que existe e todas as demais criações religiosas humanas estão fora da linha de salvação. O Céu e o inferno são destinos que decidimos tomar ou não. A perdição e os demais desastres pessoais são frutos de nossas escolhas. Respiramos a poluição que nós mesmos Construímos.
Somos livres para escolher, mas não conseguiremos nos livrar das causas e efeitos, da gravidade e das consequências do exercício de um livre arbítrio sem lei.
Ubirajara Crespo