A Nova Direção proposta aqui é uma retomada de rumos já tomados pela Igreja. resgatar valores antigos, mas sem perder o contato com a realidade atual. A mensagem de Jesus continuará relevante, mesmo que seque a erva e murche a flor.
Tudo o que vem dele, é permanente.
O amor de Cristo por nós, sua Palavra, suas promessas e sua posição única no topo do universo, continuam sendo as mesmas, aconteça o que acontecer na base. Se for preciso, vamos mudar o rumo e voltar atrás, para bem longe da cauda.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Carta de um pastor a um apóstolo


Digão

Oi, Joãozinho, como você vai? Rapaz, estou com saudades de você, dos tempos do seminário, quando eu, você e a minha esposa nos divertíamos com os outros colegas comendo pastel com garapa, mas também nos consternávamos em ver como éramos pequenos diante da infinita graça e misericórdia do Senhor. A saudade deve ser porque estou remexendo minhas coisas, e achei alguns cadernos daquele tempo, com meus garranchos que, acho, nem eu conseguirei mais ler! Realmente, você tinha razão, minha letra era (e continua sendo) horrorosa!
Recentemente encontrei na internet o site da igreja que você pastoreia. Rapaz, que coisa linda! E como vocês cresceram! Que povo animado e alegre, ao menos pelo que vi das fotos!
Mas, Joãozinho, o motivo de lhe escrever vai além da saudade e do apreço que tenho por você. Estou muito preocupado, sabe? Como você mesmo disse, eu sou “muito eu”, ou seja, não consigo esconder algo que sinto. E me sinto no dever de falar com você.
Vi que você agora é chamado de apóstolo. Apóstolo, Joãozinho? APÓSTOLO? Que loucura é essa, amigão? Quem te ordenou? Por qual concílio você passou?
Sempre considerei você um cara equilibrado. Admirava sua fé pentecostal, apesar de eu não ser um, porque via em você a integridade e a pureza dos santos. Porém, ao ver a foto com a legenda “apóstolo João”, senti que a pureza dos santos foi trocada pelo pragmatismo dos espertos mercenários. Vi que, apesar do sorriso da foto, você não parecia mais o mesmo sujeito alegre e feliz de sempre.
Tivemos a mesma instrução teológica, os mesmos professores, os mesmos colegas, os mesmos conflitos internos... Meu irmão, por que você vendeu seu posto de atalaia do Senhor por um prato de lentilhas pós-modernas e que zombam do cristianismo verdadeiro? Por que, para você, um pastor deve agradar sua platéia, esquecendo-se de quem é? Joãozinho, isso não é chamado ao pastorado, mas sim hipocrisia com uma grossa camada de verniz religioso. O mesmo verniz religioso que tampou a podridão daqueles que se levantaram contra o Senhor, mandando-o para a cruz. Joãozinho, eu sei, você não é um deles! Saia desse meio, antes que chegue a se tornar um deles!
Você sabe que, antes de me converter, eu me bandeava pros lados do esoterismo. Porém, meu amigo, esse “novo mover” em que você diz que anda, além de uma agressão gramatical (é duro um verbo se transformar em substantivo na marra!), nada mais é do que aquele velho misticismo em que eu andava antes de conhecer a Cristo. Se você estivesse sem Cristo, eu até entenderia essa história de anel de autoridade e cobertura espiritual. Porém, com Cristo somos interdependentes, nos submetemos uns aos outros e todos a Cristo apenas. Portanto, considero espúria toda essa nova moda em que você se meteu.
Sei bem que ajuda a crescer, e como ajuda. Porém, lembrando daquele missiólogo que estudamos, Orlando Costas, câncer também cresce, e de maneira desordenada. E você está no meio de uma metástase, mano! Sai logo daí!
Tenho orado muito por você. Saiba que vou orar ainda mais, para que você redescubra a alegria e a dor de ser pastor, e abandone esse neopaganismo apostólico -- onde já se viu um apóstolo, como os atuais, negarem o ensino de Cristo?
Que o Senhor lhe dê graça e lhe abra os olhos.
Obs.: Alguns dados são ficcionais, mas a realidade, por ser tão absurda, supera a ficção.

Digão fica cada vez mais perplexo com as invencionices gospelentas, e compartilha sua perplexidade aqui no Genizah.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Resposta da Igreja diante do projeto que regula a disciplina física na criança?

Ingredientes Básicos da Disciplina

Eu diria que o processo disciplinar deve conter dois ingredientes básicos: disciplina física e diálogo. Devemos nos utilizar desses dois componentes em proporções adequadas à idade física e emocional de nossos filhos. Na medida em que vão crescendo, o diálogo deve se tornar o ingrediente mais importante dessa fórmula, até chegar a ponto de ser o único. Essa é uma transição que deverá acontecer gradativamente. Na adolescência, o diálogo deve ser mais freqüente, se não funcionar, talvez seja porque a vara ou o diálogo não foram utilizados nas proporções corretas.

Um dos objetivos da vara é criar certos condicionamentos ou hábitos. No início a criança, sem que haja qualquer grande elaboração mental, aprende que não deve fazer algo porque ao fazê-lo, sente uma batidinha repressora na mão. Isto cria hábitos e reações. A Bíblia, porém, nos ensina a dar razão da esperança que há em nós.

Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós (1Pe 3.15)

Trazendo esse princípio para nosso assunto, precisamos apresentar razões ou motivos pelos quais se deve fazer ou não determinadas coisas. Não custa nada explicar e ele se sentirá honrado e importante. Deixe claro que a vara dói também em você. Não tenha vergonha de chorar com ele.

A vara cria hábitos, mas o diálogo esclarece a respeito dos motivos da disciplina. A criança atinge a fase dos “por quês” e muitos pais não sabem lidar com esses sinais de amadurecimento intelectual. A vara sem diálogo provoca revolta. Até mesmo para uma criancinha apanhar sem saber exatamente por que, pode levá-la, com sua capacidade de raciocínio ainda em formação, a entender que seus pais estão sempre zangados com ela e que não faz nada direito.

Não estou falando somente do tipo de explicação que esclarece o motivo imediato da disciplina. São coisas do tipo: vai apanhar porque quebrou a louça, ou porque não fez seus deveres, ou porque bateu no irmãozinho. Refiro-me às razões últimas da disciplina, as motivações que estão por detrás dessa prática. A disciplina não é motivada por um momento, mas pelo interesse e pelo amor. À medida que seu filho cresce, vai se tornando cada vez mais capaz de assimilar conceitos abstratos, de se fixar em conversas mais longas e sente-se satisfeito quando as respostas são inteligentes.

O problema é que à medida que nossos filhos vão se tornando capazes de conversar, envelhecemos, nos calamos e acabamos criando um abismo de gerações entre nós. O pessoal mais antigo tende a tornar-se fechado e incapaz de compreender esses novos hábitos que se criaram em nossa sociedade. Alguns chegam mesmo a suspirar: “Nos meus tempos...” Ora os meus tempos não passaram, estou vivo hoje e não ando de carroça só para contrariar, vou de metrô, e se possível, de carro.

Para muitos parece ser mais seguro estabelecer uma lista de regras fixas do que tentar entender que os filhos não são mais crianças. Quando eram pequenos, era só mostrar o cinto, que tudo dava certo. Agora que eles pensam e são mais fortes do que eu, como fazer?

Se meus filhos são grandes, não casados ainda, isto não elimina a minha obrigação como pai, de orientá-los, principalmente nesses primeiros passos em sua carreira profissional. Às vezes preciso falar grosso e ser mais incisivo do que o normal. O que garante que eles me ouvirão? O respeito conquistado durante todos esses anos. Em uma fase mais adulta, o respeito, não a dependência, toma o lugar da pressão física. É algo que se conquista. 

Se ainda não conquistou, comece agora, mas saiba que essas coisas geralmente demandam algum tempo. Talvez alguns de nós precisemos começar tudo de novo. Devemos ver menos televisão, olhar mais nos olhos uns dos outros e fazer alguns projetos que exijam a participação de toda a família.

Ubirajara Crespo