Defesa recorrerá da sentença para que a condenada cumpra a pena em regime aberto
O veredicto começou a ser lido pelo juiz Daniel Avelar logo após as 17 horas deste sábado, depois de mais de 31 horas de julgamento, em Curitiba, Paraná. Ela foi condenada por homicídio triplamente qualificado, agravado pelo crime ter sido praticado contra menor de 14 anos. A condenação de Beatriz encerra um dos capítulos mais conflituosos e extensos da história do Poder Judiciário paranaense, que já dura 19 anos.Beatriz Cordeiro Abagge, de 47 anos, foi condenada a 21 anos e quatro meses de prisão pelo assassinato do menino Evandro Ramos Caetano, que desapareceu da cidade de Guaratuba (litoral do Paraná), em 1992, então com seis anos de idade. Por 4 votos a 3, os jurados consideraram Beatriz culpada pela participação de um ritual de magia negra feito com partes do corpo do garoto.
Veja a cronologia do caso e a versão da defesa e dos acusados
Como Beatriz já cumpriu um sexto da pena (mais de três anos presa e outros quase três anos em prisão domiciliar), ela vai passar o restante da pena em regime semi-aberto. A defesa prometeu recorrer para que ela possa responder em regime aberto. O recurso será apresentado nos próximos dias no Tribunal de Justiça do Paraná.
Mais que uma decisão, o juiz Avelar afirmou durante a leitura do veredicto que este último julgamento do caso é importante para acabar com a agonia que pairava sobre o caso - e sobre a família do menino - há tanto tempo. Disse ainda que espera que casos mais recentes não demorem tanto para dar uma resposta aos envolvidos e à sociedade, pela dor que causa às famílias.
Este foi o segundo julgamento do caso pelo qual Beatriz passou. O primeiro ocorreu em 1998, quando ela - junto com a mãe, Celina Abagge - foi absolvida pela dúvida que pairava sobre a identidade do cadáver encontrado em um matagal de Guaratuba. Outras três pessoas foram condenadas e mais duas absolvidas pelo crime. Celina não precisou passar por esse novo julgamento por ter mais de 70 anos e, por isso, o crime já ter prescrito para ela.
Sentados na primeira fileira do plenário, Maria e Ademir Caetano, pais do menino Evandro, acompanharam todo o segundo e último dia de júri, emocionando-se em diversos momentos. Após proferida a sentença, Maria Caetano disse que sempre esperou por justiça. "O nome do meu filho agora fica em paz. Hoje ela (justiça) foi feita, mas o que aconteceu a gente nunca vai esquecer." Maria ainda ressaltou que nunca teve dúvidas de que o corpo encontrado era de seu filho. "O pai viu o corpo no IML e que pai não reconhece o próprio filho?", respondeu. "Continua a ser difícil, filho a gente não esquece, sente falta, sente saudade. É muito doído", completou.
Antes da sentença ser lida, Celina Abagge chegou a desmaiar. Ao final, Beatriz fez questão de sair pela porta da frente do Tribunal do Júri e de falar com a imprensa. "Eu não aceito, porque eu sou inocente.