2 Coríntios: 5. 12. Não estamos tentando outra vez nos recomendar a vós, mas vos concedemos a oportunidade de vos orgulhardes por nossa causa, de maneira que tenhais resposta para os que se orgulham das aparências e não do que está no coração. Porquanto o amor de Cristo nos constrange, porque estamos plenamente convencidos de que Um morreu por todos; logo, todos morreram.
Amo pregar, mas nem sempre amo aqueles para quem prego com a mesma intensidade (frase que ouvi do Pr. Marcos Shimizzo).
Meu objetivo aqui não é fazer mais uma daquelas costumeiras confissão retórica. Tento descobrir os motivos e as raízes que provocam ocasionais desvios dos trilhos construídos para me conservar no caminho da motivação correta. Quero limpar as minhas motivações e ser constrangido a pregar por amor.
Com incríveis malabarismos consigo apoiar todo o peso da locomotiva em um ou noutro trilho. À um deles chamo de "púlpito", ou "paixão pela Palavra", ao outro eu chamo de auditório, ou "Paixão pelo aplauso". Noto que estou andando neste último, quando nada me deixa mais realizado do que os elogios e a admiração demonstrados no final.
"Um morreu por todos, logo, todos morreram", inclusive o meu velho homem. Neste caixão estão também os meus impulsos mais agudos, inclusive aqueles que me impelem a procurar a glória pessoal, ser indiferente, insensível e passar de largo.
"Não estamos tentando outra vez nos recomendar a vós". O meu papel é mostrar a todos o caminho que os levará ao Senhor e não a mim mesmo, aos meus dons, talentos e palavras.
“Senhor, me livra de mim mesmo, pois a crédito que o meu EGO é o maior abismo já construído entre nós dois". Nada é tão mortífero contra o EU, quanto a cruz. Somente ela tem poder para processar o mais completo livramento, que é a crucificação do EU. Demônios e tentações giram ao meu redor em busca deste mel. Se tirar o mel, a mosca não zombe.
Difícil olhar para um grande auditório sem cultivar a visão de massa feita de pessoas que não conheço pelo nome, não sei o seu endereço e nunca estive presente durante os seus bons e maus momentos.
Nestas ocasiões procuro pregar algo que os prenda, fidelize e os incentive a sustentar uma programação capaz de atrair pessoas como eles.
Mensagens cujos temas são centralizados nas necessidades humanas podem ser confeccionadas a partir de pesquisas sociológicas publicadas na Internet. Nelas eu sou informado a respeito das necessidades, ambições, problemas, expectativas e temores humanos. Baseado nestas informações posso preparar mensagens que convençam a todos de que deverão voltar na próxima semana para me ouvir, pois sei como deixar a mensagem subliminar dizendo: este homem sabe nos capacitar a realizar os nossos sonhos.
Em outras ocasiões, deixo de lado a "religiosidade útil", me coloco em cima de um púlpito, e caminho no trilho que sustenta o meu amor pela Palavra. Nestas ocasiões procuro enriquecer o povo com conhecimento bíblico e os incentivo a praticar os princípios que as Escrituras possuem.
Quando estou nesta posição, a minha motivação maior é agradar a Deus e tentar convencer o povo a fazer o mesmo.
O assunto da pregação é fornecido pela Bíblia que carrego em minhas mãos. Nela estão disponíveis todas as informações a respeito das necessidades humanas das quais preciso para construír uma mensagem relevante.
“Portanto, compreendendo o que significa temer ao Senhor, procuramos persuadir todas as pessoas" (2Co 5.11).
Isto não me libera da necessidade de contextualizar a minha fala. Para isso, posso recorrer as mesmas pesquisas sociológicas já mencionadas, e ouvir o povo que frequenta as reuniões. Não conseguiremos fazer isto sem conviver e chegar o mais perto delas possível.
Não existe atividade mais inútil do que subir em um púlpito para responder a perguntas que ninguém está fazendo, ou para criar necessidades que nem sequer precisam de suprimento.
Púlpito e auditório são igualmente importantes, pois do púlpito só deve sair aquilo que Deus diz e o auditório é o público alvo da mensagem que estou pregando.
O modo como você vê tudo isto, dependerá de que lado do púlpito está, do lado de cá ou de lá.
Já estive atrás de muitos púlpitos e à minha frente já vi 10, 50, 100, 1.000,10.000 pessoas. Para ser transparente, devo confessar que os grandes auditórios me traziam uma certa sensação de messianidade.
É muito difícil afastar este tipo de pensamento: — Eles vieram aqui para me ouvir, portanto, eu sou a figura mais importante aqui presente.
Além do mais, nós, pregadores sofremos a tendência de nos hierarquizamos de acordo com o número de pessoas que somos capazes de atrair.
Todos nós estamos sujeitos à todo tipo de tentação. Umas são próprias daqueles que sobem no púlpito e outras rondam as mentes dos que ocupam as cadeiras do auditório. Não caia em nenhuma delas, fique apenas com os meus melhores momentos.
Ubirajara Crespo