Como
definir o chamado jogo político? Será possível construir uma frase capaz de
captar todas as suas nuances, regras e tendências? Muito difícil e eu não
tentarei fazer isto, mas procurarei dar uma definição limitada,
mas razoável.
É um jogo porque seus participantes procuram marcar gols a favor do time que os elege, mas sem conflitar com seus próprios interesses particulares. É político porque, de vez em quando, o gol contra pode ser interessante, pois o que importa é o resultado final. De um modo geral, o jogo precisa ser sempre um x um ou pelo menos parecer que terminou empatado.
A regra muda a cada partida e em alguns momentos, quanto maior for a capacidade de adaptação do jogador, mais útil ele será para o time. As alianças políticas devem parecer ao adversário que ele marcou mais gols do que você. Não existe não nem sim definitivos e quanto mais tempo você conseguir se equilibrar em cima do muro, melhor.
Hoje há mais bancadas do que partidos e elas pesam demais no pêndulo das decisões no congresso. Às vezes o participante do jogo veste a camisa da bancada, em outras do partido e em algumas se abstém. Aqui não há sempre e nem jamais, antes pelo contrario. Bem diferente do sim, sim ou não proposto por Jesus. Algo bem ao estilo Odorico Paraguaçú.
Os mais poderosos convocam bancadas menos influentes e com menor poder de discernimento, para um troca troca. Você vota no meu projeto e por reconhecermos o valor do seu, votaremos a seu favor. Uma câmera oculta registraria que "in/off" ele diz: - Realmente somos mais espertos votando no seu projeto peso dois enquanto eles votam no nosso que tem peso quatro. O representante do outro partido ou bancada, também in/off, diz: O nosso projeto interessa muito aos nossos eleitores e garantindo a reeleição.
Isto é apenas uma parte do jogo político, mas é a parte que mais interessa aos eleitores. Os mais desconfiados acreditam que a ênfase, a gana, e a veemência do relator de um projeto são bastante influenciadas pelo seu ganho pessoal.
Quando o seu candidato diz que aprovou um projeto, procure descobrir se é importante para a nação como um todo, ou apenas para seu curral eleitoral. Procure avaliar se para aprova-lo ele precisou votar a favor de algum outro projeto que, favorece a uns e prejudica aos menos favorecidos.
Veja este exemplo: O sujeito consegue votos para a lei anti homofóbica, mas tem de votar a favor do aumento de 60% do salário dos deputados. Geralmente as classes com maior poder de lobi são os ruralistas, os industriais, os comerciários, os bancários, transportes e outros mais. A dança desta aliança costuma ser regida pela orquestra de quem pode mais.
Outro exemplo é a aprovação ou não da lei anti homofóbica, que fará muita diferença para os Evangélicos e Católicos. Esperamos o maior empenho por parte da bancada que nos representa, mas, como cristãos não queremos que, negociem princípios em nosso nome. Isto levaria a aprovação leis antissociais.
A aprovação, ou não, do casamento homo afetivo não muda nada para os evangélicos e pouca coisa para a sociedade de um modo geral, mesmo porque a estabilidade de uma união homo afetiva foi aprovada. A bancada evangélica e as demais sabem que é o tipo de coisa que gera muitos votos e garante reeleição. Esta será sempre uma tentação muito grande, e devemos sustenta-los em oração.
Queremos, porém, preservar o nosso direito de expressão, sem sermos taxados como homofóbicos. Neste sentido devemos ter o mesmo amor que Deus demonstrou ao dar o seu filho unigênito, para que todos os que nele creem, não pereçam, mas tenham a vida eterna.
Pastores, como eu, não deixarão de falar contra o pecado e a favor do transgressor. Se me prenderem, construirei um púlpito dentro da minha cela, assim como fiz neste BLOG.
Sou pastor de contato (pele com pele), não virtual, nem de telas e monitores. Se costurarem a minha boca, terão de cortar os dedos da minha mão, e se cortarem meus dedos, coloco o pé no teclado.
Ainda tem muita gente preferindo obedecer a Deus do que a homens. O máximo que conseguirão fazer, será ferir o meu corpo, que um dia morrerá mesmo. Foi para esta hora de grande confronto espiritual, quando o amor de muitos esfriará, que Jesus disse para temermos aquele que pode lançar a nossa alma no inferno, ou seja, Deus.
Ubirajara Crespo