Didaqué
Introdução
Didaqué significa
«instrução» ou "doutrina». Trata-se de um escrito que data de fins do Séc.
I de nossa era e, portanto, bem próximo dos escritos do Novo Testamento. O nome
«Instrução dos Doze Apóstolos» lembra At 2,42 ("o ensinamento dos apóstolos"),
mas é difícil que a obra tenha sido escrita por algum deles ou seja de um só
autor. Os estudiosos hoje estão de acordo em dizer que ela é fruto da reunião
de várias fontes escritas ou orais, que retratam a tradição viva das
comunidades cristas do Séc. 1. Os lugares mais prováveis de sua origem são a
Palestina ou a Síria.
A Didaqué é um
manual de religião ou, melhor dizendo, uma espécie de catecismo dos primeiros
cristãos. Esse documento nos permite conhecer as origens do cristianismo, e
principalmente nos dá uma ideia de como eram a iniciação cristã, as
celebrações, a organização e a vida das primeiras comunidades. O autor (ou
autores) pertence ao meio judaico-cristão, e dirige seu ensinamento a
comunidades formadas por convertidos vindos principalmente do paganismo.
O conteúdo e o
estilo da Didaqué lembram imediatamente muitos textos do Antigo e do Novo
Testamento, bem como outros escritos criados do séc. 1 d.C. O tom e os temas de
muitas exortações se parecem bastante com os da literatura sapiencial e diversos
trechos dos evangelhos. Dessa forma, esse catecismo das comunidades da Igreja
Primitiva é testemunho vivo de como os primeiros cristãos se alimentavam da
Palavra de Deus contida nas Escrituras, transformando e interpretando os textos
bíblicos em vista de suas necessidades e situações.
A leitura da
Didaqué faz logo sentir que as comunidades cristãs daquele tempo ainda não
estavam completamente estruturadas. As comunidades não têm representante
oficial fixo (padre ou vigário), os bispos e diáconos são mencionados de
passagem, e não sabemos bem quais funções exerciam. Fala-se diversas vezes em
«apóstolos, profetas e mestres", dando a impressão de que eram
propriamente pregadores itinerantes a serviço de diversas comunidades. Por
outro lado, nota-se que a liturgia é também muito simples e se resume a
celebrações feitas em clima doméstico. Os sacramentos mencionados pertencem à
iniciação cristã - batismo, confissão, eucaristia - e parecem ser todos
administrados pela comunidade, e não por um membro do clero, ainda inexistente.
Visível, contudo,
do clima que a comunidade vive, dentro de uma sociedade estruturalmente pagã. A
preocupação de não se confundir com o ambiente, de não se deixar manipular por
aproveitadores oportunistas (até mesmo disfarçados de profetas), a esperança um
pouco nervosa de uma escatologia próxima e o tema da perseverança heróica no
caminho da fé são características das comunidades nascentes, que ainda estão
descobrindo sua vocação e missão no mundo.
* * *
A Didaqué é um
convite para as comunidades cristãs em formação descobrirem sua origem e
jovialidade próprias. Ela nos faz lembrar que a fonte inspiradora do
comportamento, da oração e das celebrações é a Bíblia. Sobretudo, mostra que o
cristianismo não é devoção individualista, mas um caminho comunitário em que
todos os setores da vida e do comportamento devem ser penetrados pela Palavra
de Deus e pela oração. Na sua simplicidade e profundidade, estimula a viver a
vida cotidiana à luz do Evangelho vivo, dentro de um discernimento que frutifica
em atos novos, geradores de fraternidade e partilha. Escrita principalmente
para os pagãos (nações), ela ainda salienta que o cristianismo não é uma redoma
onde a comunidade se refugia, mas um fermento que se expande para transformar
toda a sociedade
.
DIDAQUE
INSTRUÇÃO DOS DOZE
APÓSTOLOS
Instrução do Senhor
para as nações, por meio dos doze apóstolos
Traduzido para o
português a partir do texto (em inglês) de
J. B. Lightfoot,
Athena Data Products, 1990.
A. OS DOIS CAMINHOS
Capítulo 1
1Existem dois
caminhos: um é o caminho da vida, e outro, o da morte. A diferença entre os
dois é grande.
Viver é amar
2 O caminho da vida
é este: Em primeiro lugar, ame a Deus, que criou você. Em segundo lugar, ame a
seu próximo como a si mesmo. Não faça a outro nada daquilo que você não quer
que façam a você.
3 0 ensinamento que
deriva dessas palavras é o seguinte: Bendigam aqueles que os amaldiçoam e rezem
por seus, inimigos, e ainda jejuem por aqueles que os perseguem. Com efeito, se
vocês amam aqueles que os amam, que graça vocês merecem? Os pagãos não fazem o
mesmo? Quanto a vocês, amem aqueles que os odeiam, e vocês não terão nenhum
inimigo.
A violência do amor
4 Não se deixe
levar pelos impulsos instintivos. Se alguém lhe dá uma bofetada na face direita,
ofereça-lhe também a outra face, e você será perfeito. Se alguém o força a
acompanhá-lo pelo espaço de um quilômetro, acompanhe-o por dois; se alguém tira
o seu manto, entregue-lhe também a túnica. Se alguém toma alguma coisa que
pertence a você, não a peça de volta, pois você não poderá fizer isso.
O amor de partilha
5 Dê a quem pede a
você e não peça para devolver, pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a
todos. Feliz aquele que dá conforme o mandamento, porque será considerado
inocente. Aí de quem recebe: se recebe por estar necessitado, será considerado
inocente; mas se recebe sem ter necessidade, deverá prestar contas do motivo e
da finalidade pelos quais recebeu. Será posto na prisão e interrogado sobre o
que fez; e dai não sairá até que tenha devolvido o último centavo.
6 A esse respeito,
também foi dito: Que a sua esmola fique suando nas mãos, até que você saiba
para quem a está dando.
Exigências do amor
ao próximo
Capítulo 2
1 O segundo
mandamento da instrução é este:
2 Não mate, não cometa
adultério, não corrompa os jovens, não fornique, não roube, não pratique magia,
nem feitiçaria. Não mate a criança no seio de sua mãe, nem depois que ela tenha
nascido.
3 Não cobice os
bens do próximo, não jure falso, nem preste falso testemunho. Não seja
maledicente, nem vingativo.
4 Não seja duplo no
pensar e no falar, porque a duplicidade é armadilha mortal.
5 Que a sua palavra
não seja falsa ou vazia, mas se comprove na prática.
6 Não seja
avarento, nem ladrão, nem fingido, nem malicioso, nem soberbo. Não planeje o
mal contra o seu próximo.
7 Não odeie a
ninguém, mas corrija uns, reze por outros, e ainda ame aos outros, mais do que
a si mesmo.
As raízes do mal e
do bem
Capítulo 3
1 Meu filho,
procure evitar tudo o que é mau e tudo o que se pareça com o mal.
2 Não seja
colérico, porque a ira conduz para a morte. Também não seja ciumento, nem
briguento ou violento, porque os homicídios nascem de todas essas coisas.
3 Meu filho, não
seja cobiçoso de mulheres, porque a cobiça leva à fornicação. Evite falar
obscenidades e olhar com malícia, pois os adultérios surgem de todas essas
coisas.
4 Meu filho, não
seja dado à adivinhação, pois a adivinhação leva à idolatria. Também não
pratique encantamentos, astrologia ou purificações, nem queira ver ou ouvir
sobre essas coisas, pois de todas essas coisas provém a idolatria.
5 Meu filho, não
seja mentiroso, porque a mentira leva ao roubo. Não seja ávido de dinheiro, nem
cobice a fama, porque os roubos nascem de todas essas coisas.
6 Meu filho, não
seja murmurador, porque a murmuração leva à blasfêmia. Não seja insolente, nem
tenha mente perversa, pois as blasfêmias nascem de todas essas coisas,
7 Seja manso,
porque os mansos receberão a terra como herança.
8 Seja paciente,
misericordioso, sem maldade, tranqüilo e bom, respeitando sempre as palavras
que você tiver ouvido.
9 Não se engrandeça
a si mesmo, nem se entregue à insolência. Não se junte com os
"grandes", mas converse com os justos e pobres.
10 Aceite como boas
as coisas que lhe acontecem, sabendo que nada acontece sem o consentimento de
Deus.
A pessoa inserida
na comunidade
Capítulo 4
1 Meu filho,
lembre-se dia e noite daquele que anuncia a palavra de Deus para você e honre-o
como se fosse o próprio Senhor, pois o Senhor está presente onde é anunciada a
soberania do Senhor,
2 Procure estar
todos os dias na companhia dos fiéis, para encontrar apoio nas palavras deles.
3 Não provoque
divisão. Pelo contrário, reconcilie aqueles que brigam entre si. Julgue de modo
justo, corrigindo as culpas sem &zer diferença entre as pessoas.
4 Não fique
hesitando sobre o que vai ou não acontecer.
5 Não seja como os
que estendem a mão na hora de receber e a retiram na hora de dar.
6 Se você ganha
alguma coisa com o trabalho de suas mãos, ofereça-o como reparação por seus
pecados.
7 Não hesite em
dar, nem dê reclamando, pois você sabe quem é o verdadeiro remunerador da sua
recompensa.
8 Não rejeite o
necessitado. Divida tudo com o seu irmão, e não diga que são coisas suas. Se
vocês estão unidos nas coisas que não morrem, tanto mais nas coisas perecíveis.
9 Não se descuide
de seu filho ou de sua filha; pelo contrário, instrua-os desde a infância no
temor de Deus.
10 Não dê ordens
com rudeza ao seu servo ou à sua serva, pois eles esperam no mesmo Deus que
você, para que não percam o temor de Deus, que está acima de uns e outros. Com
efeito, ele não virá chamar a pessoa pela aparência, mas aqueles que o Espírito
preparou.
11 Quanto a vocês,
servos, sejam submissos aos seus senhores, com respeito e reverência, como à
imagem de Deus.
12 Deteste toda
hipocrisia e tudo o que não seja agradável ao Senhor.
13 Não viole os
mandamentos do Senhor. Guarde o que você recebeu, sem nada acrescentar ou
tirar,
14 Confesse as suas
faltas na reunião dos fiéis, e não comece a sua oração com má consciência.
Este é o caminho da
vida.
O caminho da morte
Capítulo 5
1 O caminho da
morte é este: Em primeiro lugar, é mau e cheio de maldições: homicídios,
adultérios, paixões, fornicações, roubos, idolatrias, práticas mágicas,
feitiçarias, rapinas, frisos testemunhos, hipocrisias, duplicidade de coração,
fraude, orgulho, maldade, arrogância, avareza, conversa obscena, ciúme,
insolência, altivez, ostentação e ausência de temor de Deus.
2 Par esse caminho
andam os perseguidores dos bons, os inimigos da verdade, os amantes da mentira,
os que ignoram a recompensa da justiça, os que não desejam o bem nem o
julgamento justo, os que não ficam atentos para o bem, mas para o mal. Deles
está longe a calma e a paciência; são amantes das coisas vis, ávidos de
recompensas, não se compadecem do pobre, não se importam com os atribulados,
não reconhecem o seu Criador. São ainda assassinos de crianças, corruptores da
imagem de Deus, desprezam o necessitado, oprimem o aflito, defendem os ricos,
são juizes injustos com os pobres e, por fim, são pecadores consumados.
Filhos, afastem-se
de tudo isso.
Perfeição é servir
ao Senhor
Capítulo 6
1 Fique atento para
que ninguém o afaste deste caminho da instrução, pois aquele ensinaria a você
coisas que não pertencem a Deus.
2 Se puder carregar
todo o jugo do Senhor, você será perfeito. Se isso não for possível, faça o que
puder.
3 Quanto à comida,
observe o que você puder. Não coma nada do que é sacrificado aos ídolos, porque
esse é um culto a deuses mortos.
B. CELEBRAÇÃO DA
VIDA
Capítulo 7
O batismo
1 Quanto ao
batismo, procedam assim: Depois de ditas todas essas coisas, batizem em água
corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
2 Se você não tem
água corrente, batize em outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o
em água quente.
3 Na falta de uma e
outra, derrame três vezes água sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo.
4 Antes do batismo,
tanto aquele que batiza como aquele que vai ser batizado~ e se outros puderem
também, observem ojejum. Aquele que vai ser batizado, você deverá ordenar jejum
de um ou dois dias.
Capítulo 8
O jejum e a oração
1 Que os jejuns de
vocês não coincidam com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e
no quinto dia da
semana. Vocês, porém, jejuem no quarto dia e no dia da preparação.
2 Não rezem como os
hipócritas, mas como o Senhor ordenou no seu Evangelho. Rezem assim: "Pai
nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha o teu reino, seja
feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o pão nosso de
cada dia, perdoa a nossa divida, assim como também nós perdoamos aos nossos
devedores, e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é
o poder e a glória para sempre".
3 Rezem assim três
vezes por dia.
Capítulo 9
A celebração
eucarística
1 Celebrem a
Eucaristia deste modo:
2 Digam primeiro
sobre o câlice: «Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu
servo Davi, que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para
sempre".
3 Depois digam
sobre o pão partido: «Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do
conhecimento que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para
sempre.
4 Do mesmo modo
como este pão partido tinha sido semeado sobre as colinas, e depois recolhido
para se tornar um, assim também a tua Igreja seja reunida desde os confins da
terra no teu reino, porque tua é a glória e o poder, por meio de Jesus Cristo,
para sempre".
5 Ninguém coma nem
beba da Eucaristia, se não tiver sido batizado em nome do Senhor, porque sobre
isso o Senhor disse: "Não dêem as coisas santas aos cães".
Capítulo 10
Agradecimento
depois da eucaristia
1 Depois de
saciados, agradeçam deste modo:
2 Nós te
agradecemos, Pai santo, por teu santo Nome, que fizeste habitar em nossos
corações, e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelaste por
meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre.
3 Tu, Senhor
Todo-Poderoso, criaste todas as coisas por causa do teu Nome, e deste aos
homens o prazer do alimento e da bebida, para que te agradeçam. A nós, porém,
deste uma comida e uma bebida espirituais, e uma vida eterna por meio do teu
servo.
4 Antes de tudo,
nós te agradecemos porque és poderoso. A ti a glória para sempre.
5 Lembra-te,
Senhor, da tua Igreja, livrando-a de todo o mal e aperfeiçoando-a no teu amor.
Reúne dos quatro ventos esta Igreja santificada para o teu reino que lhe
preparaste, porque teu do poder e a glória para sempre.
6 Que a tua graça
venha, e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Quem é fiel, venha; quem não
é fiel, converta-se. Maran atá, Amém."
7 Deixem os
profetas agradecer à vontade.
C. VIDA COMUNITÁRIA
Capítulo 11
Verdadeiros e
falsos pregadores
1 Se alguém vier
até vocês ensinando tudo o que foi dito antes, deve ser acolhido.
2 Mas se aquele que
ensina for perverso e expuser outra doutrina para destruir, não lhe dêem
atenção. Contudo, se ele ensina para estabelecer a justiça e o conhecimento do
Senhor, vocês devem acolhê-lo como se fosse o Senhor.
3 Quanto aos
apóstolos e profetas, procedam conforme o princípio do Evangelho.
4 Todo apóstolo que
vem até vocês seja recebido como o Senhor.
5 Ele não deverá
ficar mais que um dia ou, se for necessário, mais outro. Se ficar por três
dias, é um falso profeta.
6 Ao partir, o
apóstolo não deve levar nada, a não ser o pão necessário até o lugar em que for
parar. Se pedir dinheiro, é um falso profeta.
7 Não coloquem à
prova nem julguem um profeta que em tudo fala sob inspiração, pois todo pecado
será perdoado, mas esse não será perdoado.
8 Nem todo aquele
que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É assim que
vocês reconhecerão o falso e o verdadeiro profeta.
9 Todo profeta que,
sob inspiração, manda preparar a mesa, não deve comer dela. Caso contrário,
trata-se de um friso profeta.
10 Todo profeta que
ensina a verdade, mas não pratica o que ensina, é um falso profeta.
11 Todo profeta
comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas não
ensina a fazer como ele faz, não será julgado por vocês, Ele será julgado por
Deus. Assim também fizeram os antigos profetas.
12 Se alguém disser
sob inspiração: "Dê-me dinheiro" ou qualquer outra coisa, não o
escutem. Contudo, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o
julgue.
Capítulo 12
Hospitalidade com
discernimento
1 Acolham todo
aquele que vier em nome do Senhor. Depois, examinem para conhecê-lo, pois vocês
têm juízo para distinguir a esquerda da direita.
2 Se o hóspede
estiver de passagem, dêem-lhe ajuda no que puderem; entretanto, ele não
permanecerá com vocês, a não ser por dois dias, ou três, se for necessário.
3 Se quiser
estabelecer-se com vocês e tiver uma profissão, então trabalhe para se
sustentar.
4 Se ele, porém,
não tiver profissão, procedam conforme a prudência, para que um cristão não
viva ociosamente entre vocês.
5 Se ele não quiser
aceitar isso, é um comerciante de Crista Tenham cuidado com essa gente.
Capítulo 13
Sustentação do
profeta
1 Todo verdadeiro
profeta que queira estabelecer-se entre vocês é digno do seu alimento.
2 Da mesma forma,
também o verdadeiro mestre é digno do seu alimento, como todo operário.
3 Por isso, tome os
primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das
ovelhas, e os dê para os profetas, pois eles são os sumos sacerdotes de vocês.
4 Se, porém, vocês
não têm nenhum profeta, dêem aos pobres.
5 Se você fizer
pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito.
6 Da mesma forma,
ao abrir uma vasilha de vinho ou de óleo, tome a primeira parte e a dê aos
profetas.
7 Tome uma parte do
seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer
oportuno, e os dê conforme o preceito.
Capítulo 14
A celebração
dominical
1 Reunam-se no dia
do Senhor para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados,
para que o sacrifício de vocês seja puro.
2 Aquele que está
de briga com seu companheiro, não poderá juntar-se a vocês antes de se ter
reconciliado, para que o sacrifício que vocês oferecem não seja profanado.
3 Esse é o
sacrifício do qual o Senhor disse: "Em todo lugar e em todo tempo, seja
oferecido um sacrifício puro, porque eu sou um grande rei, diz o Senhor, e o
meu Nome é admirável entre as nações".
Capítulo 15
A vivência
comunitária
1 Escolham para
vocês bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles devem ser homens
mansos,
desprendidos do dinheiro, verazes e provados, porque eles também exercem para
vocês o ministério dos profetas e dos mestres.
2 Não os desprezem,
porque entre vocês eles têm a mesma dignidade que os profetas e mestres.
3 Corrijam-se
mutuamente, não com ódio, mas com paz, como vocês têm no Evangelho. E ninguém
fale com nenhuma pessoa que tenha ofendido próximo; que essa pessoa não escute
nenhuma palavra de vocês, até que se tenha arrependido.
4 Façam suas
orações, esmolas e todas as ações, da forma que vocês têm no Evangelho de nosso
Senhor.
D. PERSEVERAR ATE O
FIM
Capítulo 16
1 Vigiem sobre a
vida de vocês. Não deixem que suas lâmpadas se apaguem, nem soltem o cinto dos
rins, Fiquem preparados, porque vocês não sabem a que hora o Senhor nosso vai
chegar.
2 Reúnam-se com
freqüência para procurar o que convém a vocês. Porque de nada lhes servirá todo
o tempo que vocês viveram a fé, se no último momento vocês não estiverem
perfeitos.
3 De fato, nos
últimos dias, os falsos profetas e os corruptores se multiplicarão, as ovelhas
se transformarão em lobos e o amor se transformará em ódio,
4 Crescendo a
injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente. Então
aparecerá o sedutor do mundo, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e
prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá crimes como jamais
foram cometidos desde o começo do mundo.
5 Então toda
criatura humana passará pela prova de fogo, e muitos ficarão escandalizados e
perecerão. Contudo, aqueles que permanecerem firmes na fé serão salvos por
aquele que os outros amaldiçoam.
6 Então aparecerão
os sinais da verdade. Primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal do
toque da trombeta e, em terceiro lugar, a ressurreição dos mortos.
7 Ressurreição sim,
mas não de todos, conforme foi dito: "O Senhor virá, e todos os santos
estarão com ele".
8 Então o mundo
verá o Senhor vindo sobre as nuvens do céu.
Explicações
Explicações do Pe.
Ivo Storniolo e Euclides Martins Balancin – "Didaqué – O catecismo dos
primeiros cristão para as comunidades de hoje" – São Paulo: Edições
Paulinas, 1989.
Cap. 1 a 4 -
Catequese fundamental para aqueles que desejam viver e se comportar de modo
cristão. O caminho da vida é apresentado nos capítulos 1-4; o da morte, no capítulo
5; o capítulo 6 traz a exortação final desta parte.
1,1 - 0 cristão
deve fazer uma escolha fundamental, que definirá toda a sua vida e destino. Não
é possível andar com os pés em duas canoas. Só há um caminho que produz vida e
realização. Os outros caminhos levam inevitavelmente para a morte em diversos
sentidos e níveis.
1,2 - 0 ponto de
partida da vida cristã é o amor a Deus, a si mesmo e ao próximo. A medida do
amor ao próximo é a mesma do amor que se tem para consigo mesmo. E todas as
pessoas, até mesmo os inimigos, são indistintamente o próximo. O amor aos
inimigos mostra a originalidade, a radicalidade e gratuidade do amor cristão.
Isso não significa que os cristãos não têm inimigos, e sim que eles não são
inimigos de ninguém.
1,4 - 0 cristão não
age por simples impulso instintivo. Diante da violência, ele não responde com
outra semelhante, mas com a violência maior do amor, que é capaz de desarmar o
violento. A proibição no final do versículo se refere ao empréstimo ao pobre,
que poderia passar necessidade se tivesse de devolver (cf. Dt 24,10-13).
1,5 - Deus dá os
bens da vida para serem repartidos entre todos. Por isso, o cristão é capaz de
partilhar seus bens com aqueles que não têm. Quem recebe deve ter
discernimento, pois o espírito de partilha não deve ser usado como pretexto
para acumular ou desperdiçar. Toda contribuição social deve reverterem
beneficio do bem comum e não em privilégio daqueles que manipulam a máquina
social.
1,6 - Não basta
ajudar materialmente o necessitado para desencargo de consciência. É preciso
entrar em comunhão, participando de toda a situação do pobre, porque nem sempre
a ajuda material é o aspecto mais importante. O grande desafio é acabar com a
pobreza, e não simplesmente conservar os pobres como ocasião de fazer caridade.
Capítulo 2
2, 1 a 7 - É uma
espécie de recapitulação e ampliação das consequências do Decálogo, retomando o
mandamento do amor ao próximo (1,2). O relacionamento interpessoal é enfocado a
partir da integridade e veracidade em relação aos outros. As diversas normas
podem ser resumidas em três grandes linhas: o respeito à vida, aos bens e à
fama do próximo. Tais normas não devem ser compreendidas apenas em si mesmas;
elas pressupõem o clima fundamental da vida cristã, que exige fraternidade e partilha
(cf. 1,5). O que se requer em primeiro lugar não é a bondade, mas a justiça.
Capítulo 3
3,1: Principio
geral: evitar o mal que, a seguir, é apresentado como conseqüência do egoísmo,
da falta de auto-controle e da ambição.
3,2 e 3 - Homicídio
e adultério têm suas respectivas raízes na falta de auto-controle e na cobiça.
Cobiçar não é simplesmente desejar, mas fazer planos e armadilhas para se
apropriar daquilo que se deseja.
3,4 - Idolatria é a
manipulação do sagrado ou de alguma coisa que é apresentada como sagrada, em
vista dos próprios interesses. Essa é a magia que as pessoas usam para
conseguir poder e dominação sobre os outros. A pessoa que tem poder acaba
acreditando e fazendo os outros acreditarem que ela é absoluta e divina. Essa é
a raiz de todo o processo de dominação e opressão religiosa ou política.
3,5 - A mentira
oculta uma verdade, à qual o próximo tem direito. Essa ocultação visa os
interesses de alguém: dinheiro, prestigio, fama. Ao lado do poder, a riqueza é
o outro grande ídolo. Se o poder-dominação é roubo da liberdade, a riqueza é
roubo dos bens a que todos têm direito.
3,6 - Blasfêmia é
dizer que o projeto de Deus é mau. A murmuração, a insolência e a mente
perversa levam à dúvida, à reclamação e, por fim, à blasfêmia. Cf. Ex 16,1-3.
3,7-9 - Desde o
inicio de sua existência, a comunidade cristã é convidada a optar pelas pobres,
pois são eles que buscam e podem realizar a justiça que Deus quer. Todas as
qualidades aqui apresentadas pertencem aos pobres e justos que acreditam no
anúncio do Evangelho e lutam pelo reino da justiça. Sua força não vem das
armas, mas da violência do amor que persevera, certos da promessa de que os
mansos receberão a terra como herança.
3,10 - O cristão
sabe que a vida e a história obedecem em primeiro lugar ao projeto de Deus, que
quer a vida para todos. Por isso, ele é sempre levado a buscar o significado
profundo dos acontecimentos, para além de nus caprichos e interesses imediatos.
Capítulo 4
4,1-14 -
Centralizada no amor a Deus e ao próximo, a vida cristã é essencialmente uma
realização essencialmente, onde tudo é partilhado fraternalmente.
4,1 - As
comunidades ainda não conhecem os Evangelhos escritos. O Evangelho é uma
palavra viva, preservada anunciada por pregadores itinerantes, que servem as
comunidades e, ao mesmo tempo, dependem delas.
4,2-3 - A
comunidade é o ambiente vital dos cristãos, onde eles partilham a vida e
encontram apoio para perseverar. Sendo ela mesma o valor máximo, a comunidade
deve ser preservada de qualquer divisão, que provém principalmente da
competição pelo poder, da busca de privilégios e de sectarismos. A preocupação
com a reconciliação é um dever de todos, e supõe imparcialidade quando aparecem
conflitos.
4,4-8 - A
comunidade cristã reconhece que tudo o que ela é e possui é dom de Deus. Ao
mesmo tempo, desde a sua origem, ela se voltou para acolher os pobres e
marginalizados. Ora, estes dependem estritamente do espírito de dom e partilha.
O importante é que na comunidade o espírito de posse é totalmente superado pelo
conceito de necessidade do uso e partilha Deus dá tudo, para que todos repartam
tudo, segundo as necessidades de cada um. Viver em comunidade, portanto, supõe
que cada um confie plenamente no dom de Deus, libertando-se da preocupação
individual e calculista com o amanhã (v. 4).
4,9 - Viverem
comunidade supõe educação para isso. E o ponto fundamental é a instrução no
temor de Deus. Não se trata de ter medo de Deus, mas de reconhecer que Deus é o
Senhor e doador da vida, e seu projeto é que todos repartam a vida entre todos.
A educação cristã começa por aqui, mostrando para as pessoas que elas não são
auto-suficientes e independentes, mas interdependentes, complementando-se
mutuamente na partilha do que cada um é e tem.
4,10-11 - O projeto
de Deus é a fraternidade, que desfaz toda e qualquer desigualdade entre as
pessoas, para formar a grande família humana. Isso não quer dizer que as
pessoas se tornem idênticas; cada um é original e tem sua função própria dentro
da sociedade, em proveito do bem comum. Função diferente não quer dizer que uma
pessoa seja mais que a outra ou que tenha mais direitos e privilégios, em vista
do que é, do que faz ou produz. Todos são necessários e todos têm direito ao
necessário para viver dignamente. O v. 11 mostra que as comunidades nascentes
ainda não tinham consciência de que o Evangelho exige transformações
estruturais para acabar com a desigualdade e a exploração. Todos devem ser
respeitados, porque todos são imagem de Deus.
4,12-13 - Defender
uma doutrina sem se preocupar com a prática é hipocrisia, um dos grandes males
que ameaçam a comunidade. Por outro lado, guardar os mandamentos não é
simplesmente repeti-los de cor, mas fazer o que eles ordenam. Trata-se certamente
do mandamento de amar a Deus e ao próximo.
4,14 - A confissão
aqui não aparece como sacramento juridicamente estruturado. Provavelmente, os
cristãos declaravam meus pecados em comunidade, e esta era responsável pelo
perdão. Para que a comunidade esteja viva são necessários a confissão e o
perdão, que abrem sempre a possibilidade de se converter ao projeto de Deus. A
oração autêntica é feita dentro do projeto de Deus e em vista da sua realização
(Cf. 1Jo 5,14).
Capítulo 5
5,1-2 - Se o
caminho da vida é temer a Deus e amar a Deus e ao próximo; a caminho da morte é
o contrário: começa com a ausência do temor de Deus. Sem esse temor, o homem se
coloca no lugar de Deus e passa a se julgar como centro e senhor da vida,
dispondo de tudo e de todos sem amenor consideração pela vida e liberdade se
seus semelhantes. Quando o homem usurpa o lugar de Deus, cria automaticamente o
projeto da escravidão e da morte. A lista de vicios e pecados testemunha a
monstruosidade da auto-suficiência.
Capítulo 6
6,1-3 - É a
conclusão da primeira parte, exortando ao discernimento para não desfigurar o
caminho da vida cristã. 0 jugo do Senhor é, provavelmente, o Evangelho vivo,
que está representado nesta primeira parte. Não se trata, porém, de imposição,
mas de proposta e convite a serem aceitos na medida da possibilidade de cada
um. A perfeição deve ser entendida aqui como integridade. 0 v. 3 se refere às
disposições tomadas no Concílio de Jerusalém (Cf. At 15,29).
Capítulo 7
Cap. 7 a 10 - É um
antigo ritual litúrgico com instruções para administração do batismo (7), sobre
o jejum e a oração (8) e sobre a celebração eucarística (9 e 10).
7,1-4 - Nesse
tempo, a administração do batismo era feita depois de uma etapa de catequese
(‘depois de ditas todas essas coisas"), representada certamente pelos
capítulos 1 a 6. Antes da cerimônia, fazia-se um jejum, do qual participavam o
batizando, aquele que batizava e outras pessoas que pudessem. A cerimônia
propriamente dita era realizada em comunidade. O ritual é simples e se reduz ao
batismo com a água e à invocação da Trindade.
A menção de
diversas possibilidades (vv. 1-3) faz supor que o mais usual era a imersão em
água corrente (rio), ou em outra água (piscina, reservatório). Na
impossibilidade disso, bastava derramar três vezes água na cabeça do batizando.
A instrução e o
jejum mostram que o batismo era administrado somente para as pessoas adultas. A
administração do batismo parece não estar restrita a um ministro especial.
Capítulo 8
8,1-2 - Oração e
jejum são duas práticas intimamente ligadas. O jejum lembra à pessoa que existe
uma fome maior, que só a vinda do Reino de Deus pode satisfazer. A oração
mantém a pessoa aberta para o projeto de Deus e consciente dos pedidos
essenciais, para que esse projeto se realize.
O povo desnutrido
que passa fome está fazendo jejum contra a sua vontade e, ao mesmo tempo e por
causa disso, erguendo o seu clamor para que venha o Reino, a fim de que este,
com sua justiça, o liberte de todas as fomes.
Capítulos 9 e 10
Cap. 9 e 10 - A
Eucaristia aqui mencionada diverge bastante do rito eucarístico que hoje
conhecemos. Talvez não existisse uma fórmula fixa de celebração. O texto deixa
claro que a Eucaristia era celebrada dentro de uma refeição comum, que podia
ser participada unicamente pelos batizados, isto é, por aqueles que, após a
instrução, se haviam comprometido com o projeto de Jesus. Destaca-se também o
aspecto da Eucaristia como sacramento de unidade da Igreja (9,4 e 5,5). A
observação de 10,7 mostra o ritmo da celebração, que era bastante livre e
participativo.
Capítulo 11
Cap. 11 a 15 -
Disposiç5es sobre a vida comunitária, com especial atenção para com a
hospitalidade e o discernimento dos verdadeiros pregadores (11 e 13), o culto
(14) e a organização (15).
11,1-12 - Segundo a
Didaqué, as comunidades da Igreja primitiva conheciam os apóstolos, os profetas
e mestres. Difícil saber a diferença entre eles, pois parece que a função dos
três era anunciar o Evangelho e ensinar. Por outro lado, a insistência na
hospitalidade para esses três tipos de pessoas indica talvez que eles exerciam
seu ministério de maneira itinerante, visitando as diversas comunidades. Uma
das principais dificuldades era distinguir o verdadeiro do falso pregador. Para
isso, a comunidade chegou a diversos critérios para reconhecer o verdadeiro
pregador: ensinara justiça e o conhecimento do Senhor (v. 2), falar sob
inspiração (v. 7), viver como o Senhor (v. 8), praticar o que ensina (v. 10). O
falso pregador é aquele que explora a comunidade (v. 5-6.9) e não pratica o que
ensina (v. 10).
O respeito pelos
pregadores é muito grande, pois nesse tempo a comunidade dependia deles para
conhecer o Evangelho. De certa forma, podemos dizer que o pregador, através de
sua palavra e vida, era a personificação viva do Evangelho. Porque os
Evangelhos que hoje conhecemos eram escritos que circulavam somente em algumas
comunidades.
Capítulo 12
12,1-5 - A
comunidade cristã vive o clima da fraternidade e da partilha e, por isso, está
sempre aberta para acolher aqueles que necessitam de ajuda. Isso, porá», pode
tornar-se ocasião para que aproveitadores explorem a boa vontade da com
unidade, O discernimento deve atingir também outras áreas de exploração, para
que a comunidade não aja manipulada em favor de interesses alheios ao projeto de
Jesus. Não basta ser bom: é preciso ser justo e ter muito bom-senso.
Capítulo 13
13,1-7 - O pregador
ou agente de pastoral, que emprega todo o seu tempo na evangelização, fica por
isso mesmo dependendo das comunidades para sobreviver. Sua situação equivale à
dos pobres. Toda comunidade deve preocupar-se não só em sustentar seus agentes,
mas também dar-lhes possibilidade para que, de fato, possam prover às
necessidades da evangelização.
Capítulo 14
14,1-3 - A
Eucaristia é a celebração da fraternidade. Para que ela não seja profanada no
seu significado profundo, exige-se reconciliação, não só no momento do culto,
mas na vida concreta. Sem isso, o culto não tem sentido.
Capítulo 15
15,1-2 - A Igreja
nascente viu-se logo diante dois modelos de comunidade. O primeiro era a
comunidade palestinense, mais ligada à tradição, e onde estavam presentes os
apóstolos e presbíteros. Na Didaqué, as figuras dos apóstolos, profetas e
mestres parecem lembrar esse tipo de Igreja, de modelo judaico, onde também
encontramos os sacerdotes, profetas e mestres de sabedoria, O outro modelo de
Igreja nasceu fora da Palestina, e era muito mais voltado para a missão e as
necessidades que daí surgiam. Esse segundo tipo de Igreja logo teve necessidade
de servidores para a comunidade (diáconos) e de supervisores para as diversas
comunidades (bispos), escolhidos em clima democrático.
Toda comunidade
vive na tensão entre a tradição e a missão. Tradição significa ser fiel ao
compromisso com o projeto de Jesus, e a misto significa encarnar esse projeto,
respondendo aos desafios de cada tempo e lugar. Essa tensão se resolve quando
mantemos um olho no Evangelho e o outro na vida.
15,3 - 0 cimento da
vida comunitária é a correção mútua, feita com espírito fraterno. Perdoar-se e
reconciliar-se mutuamente é o sacramento básico, porque não é bom viver
sozinho, como não é fácil viver junto. De tal modo isso é importante que a
comunidade deve ser implacável: isolar completamente quem ofendeu o próximo,
até que ele aprenda na própria pele a necessidade da reconciliação.
15,4 - A vida
cristã tem na sua frente o Evangelho em exprime como oração (ligação com Deus),
esmola (socorro imediato ao próximo necessitado) e ação (transformação da
sociedade pecadora na comunidade fraterna que Deus quer).
Capítulo 16
16,1-8 Os cristãos
vivem continuamente à espera que se manifestem Jesus e o seu projeto. Isso se
realizará totalmente no fim da história. Contudo, é através do momento presente
que esse final vai sendo pouco a pouco construído. É essa a esperança que
produz perseverança.
16,1-2 - Jesus
chega no momento em que a comunidade está colocando em prática o projeto dele.
Por isso, a comunidade se reúne para discernir o modo como irá realizar o
projeto de Jesus, respondendo aos problemas e desafios do ambiente em que ela
vive.
16,3-5 - A
comunidade vive na história em constante prova de fogo, porque deve enfrentar
projetos contrários ao de Jesus. Muito se apresentam semeando a injustiça, a
desigualdade e o ódio, com todas a conseqüências que daí provêm. Por isso o
testemunho cristão se faz em meio a conflitos e lutas, e a comunidade deve
estar sempre discernindo, para fazer a coisa certa no momento certo. A união e
a solidariedade são necessárias para evitar o desespero e o desânimo.
16,6-8 - É através
do testemunho cristão que, pouco a pouco, aparecem os sinais da verdade. A
abertura no céu permite que os cristãos compreendam o que acontece na história,
porque são capazes de ver com os olhos de Deus. Então compreendem que o
julgamento (toque da trombeta) se realiza através do testemunho. E quem
testemunhar até o fim terá o mesmo destino que Jesus: a ressurreição. Fica
então claro que a ressurreição é para os justos, isto é, para aqueles que se
comprometem com Jesus e seu projeto. É desse modo que Jesus aparecerá
vitorioso, e o projeto de Deus estará completamente realizado: liberdade e vida
para todos.
Uma análise do documento e pode estar correta (eu disse "pode").