Erguei as mãos para o Santuário Sl 134:3
Este Salmo foi composto, tendo como destinatários aqueles que assumiram a posição de serviço e adoração na Casa do Senhor, e mais particularmente aos que fazem hora extra, indo além do protocolar. Nem todos se apresentam para o turno da noite.
Sabemos que ao virar a noite, podemos ser motivados por causas nobres, mas não necessariamente rotuladas como espirituais. Se formos movidos pela busca de sustento honesto, pelo progresso profissional ou intelectual, pela compaixão, temos o aplauso divino, mas quando buscamos o intangível, o crescimento espiritual e o aprimoramento do caráter, sem nada cobrar, o Céu inteiro nos aplaude de Pé. Por detrás das comendas, do aplauso humano, do tapinha nas costas, da medalha, e do discurso de exaltação podemos receber empurrões santos ou profanos. Melhor quando a medalha não estiver contaminada por segundas e terceiras intenções. Nada nos motiva mais do que a coroa da fidelidade até a morte.
O estímulo de erguer as mãos para o santuário, é dirigido também àqueles que não têm acesso ao seu interior, pois desenha na nossa imaginação alguém que se encontra algures de qualquer contato físico ou visual do Santuário Terrestre erguido em Jerusalém.
Mesmo estando diante do Templo, havia limites físicos impostos à maioria das pessoas que ali estavam. Alguns locais eram permitidos somente aos sacerdotes e levitas. Havia escalas de proximidade do local sagrado que determinavam até onde poderiam chegar. Para tanto, foram construídos ambientes próprios para os sacerdotes, para o Sumo Sacerdote, para as autoridades, para os homens, para as mulheres, etc. A distância física, porém, jamais representou distancia espiritual. Podemos estar perto dos olhos, mas longe do coração e vice versa. Quem está na última fila pode estar bem mais próximo do que aquele que subiu na plataforma.
Pessoas com defeitos físicos, publicanos e mulheres menstruadas ou em resguardo, não poderiam ocupar espaços reservados aos que desfrutavam de condições físicas normais. Esta proximidade física, no entanto, era mais simbólica do que indicativa de proximidade espiritual com Jeová. As doenças, os fluxos sanguíneos, as dores e os incômodos do parto eram provenientes da natureza pecaminosa, símbolos de uma natureza decaída, que não deveriam ser exibidos no Templo. Paralíticos, cegos e endemoninhados receberam o toque do Cristo, fora do ambiente considerado como sagrado.
Nada impedia que estas pessoas levantassem as mãos para o Santuário, com a mesma intensidade de fé 0e amor a Deus, daqueles que estavam no interior do Templo. O mesmo princípio se estendia aos que moravam longe de Jerusalém, nas montanhas, além do Jordão, em Samaria, na Galileia e em outros países. Bastava se virar para o Templo, que chegariam tão perto de Deus, ou até mais, do que aqueles que se aglomeravam dentro e ao redor do Santuário. O mesmo vale para pessoas, que como eu, não possuem qualquer tipo de orientação, e se virassem para o outro lado, mas o fizessem com o seu radar espiritual, totalmente apontado para Deus.
O que nos separa de Deus não é a distância que estamos do local de culto, mas quão longe ou perto estamos de seguí-lo e obedecê-lo.
Ubirajara Crespo