A Nova Direção proposta aqui é uma retomada de rumos já tomados pela Igreja. resgatar valores antigos, mas sem perder o contato com a realidade atual. A mensagem de Jesus continuará relevante, mesmo que seque a erva e murche a flor.
Tudo o que vem dele, é permanente.
O amor de Cristo por nós, sua Palavra, suas promessas e sua posição única no topo do universo, continuam sendo as mesmas, aconteça o que acontecer na base. Se for preciso, vamos mudar o rumo e voltar atrás, para bem longe da cauda.
Mostrando postagens com marcador Crus. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Crus. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Teologia da Cruz versus Teologia da Glória


Teologia da Cruz versus Teologia da Glória

É interessante notar como a TEOLOGIA DACRUZ de Martinho Lutero atravessou todo o seu pensamento e sem elaconceitos fundamentais da teologia luterana não podem ser compreendidos perfeitamente. Com a TEOLOGIA DA CRUZ, Lutero seopôs à TEOLOGIA DA GLÓRIA, quetem por base, entre outros textos, o Salmo 19.2-7:
“O céu proclama a glória de Deus, o firmamento anuncia a obrada sua criação. Cada dia o transmite ao dia seguinte e cada noite o repete àoutra noite. Não pronunciam discursos, nem palavras, nem fazem ouvir a sua voz.Contudo, a sua proclamação chega até ao fim do mundo e a sua mensagem é ouvidanos confins da terra Deus fez no céu uma morada para o Sol, que aparece demanhã, como um noivo feliz, saindo da sua cama, como um atleta que anseiacomeçar a corrida. Ele sai duma extremidade do céu e alcança, no seu percurso,a outra extremidade. Não há nada que se furte ao seu calor”.
A TEOLOGIA DA GLÓRIA fundamentou a Escolástica e foi central no pensamento de Tomás de Aquino. Considerava que a revelação doEterno estava prioritariamente na natureza e que através da razão, corretamente  dirigida, poderíamos conhecer o Criador.
Jápara o reformador, o Eterno é “Deus abs­con­di­tus”, conformeencontramos em Isaías 45.15: Na verdade, tu, és um Deus escondido, o Deus de Israel, o Salvador”.
Este Deus abs­con­di­tus Deus Israel Sal­va­tor se revelou na cruz. Lutero dizia que o Evangelho é para o ouvido. Só o coração contrito ouve o Evangelho. As coisas do mundo, crimes, desastres, guerras, não convencem do amor do Eterno. Temos medo do amor do Eterno é só confiamos nEle quando fechamos os olhos e abrimos os ouvidos.
A TEOLOGIA DA CRUZ de Lutero faz um versus com a TEOLOGIA DE GLÓRIA. Isto porque a teologia da glória confunde o Eterno que se entregou à cruz e ao sofrimento com o Deus da filosofia grega: Deus de glória e poder, mas indiferente e impassível. O Deus da filosofia é diferente do Eterno na cruz, que se esvaziou de atributos divinos por amor.
Para entender a TEOLOGIA DA GLÓRIA é importante compreender como se via a justificação na Idade Média. O conceito de justificação que prevaleceu na Patrística e na Escolástica partia da filosofia  foi da divinização do ser. Agostinho defendia a idéia da infusão da justiça de Cristono humano através do sistema penitencial e sacramental da igreja ocidental romana. Para ele, a justificação era um processo que tinha início com a regeneração batismal.
Embora Lutero e sua TEOLOGIA DA CRUZ tenham sido influenciados por Agostinho, mais tarde, revendo a doutrina  da justificação em Agostinho disse que este havia chegado bem perto do sentido paulino, mas que não alcançara Paulo. Por isso, se no começo de seus estudos devorava Agostinho, quando descobriu Paulo e entendeu o que era a justificação pela fé,descartou Agostinho.
Lutero se separou da teologia agostiniana ao ler a epístola de Paulo aos Romanos, em especial, 1.17: Nele se revela a justiça deDeus por meio da fé. Como está escrito: aquele que é justo pela fé viverá”. Convenceu-sede que a justificação não era progressiva, e afirmou que “sola fide justificate”, isto é, só a fé justifica. Deixou de lado a justificação infundida, e passou a defender a justificação imputada pela fé.
Para Agostinho e a tradição escolástica o sentido era “tornar justo”, por isso infusão. Para Lutero, o que Paulo dizia é “declarar justo”, ou seja, imputação, pois ajustiça não é humana, não é inerente, mas colocada na conta. Dessa maneira , abandonou a doutrina da igreja ocidental romana da infusão da justiça, pois se ajustiça de Cristo fosse infundida e não imputada, deveríamos crer que os pecados não foram imputados em Cristo, mas infundidos. Ou seja, são inerentes a Cristo, e Ele não foi feito à semelhança da carne pecaminosa, mas o pecado  foi infundido nEle. Temos, então, um problema teológico: Cristo está desqualificadopara ser a oferta aceitável pelo pecado, pois como o Eterno aceitaria umpecador para morrer pelos pecadores? Isso levaria o Eterno a afastar-se de suajustiça, a salvar de forma imoral.
Lutero descreveu a economia da salvação como uma “doce troca” entre Cristo e o humano,ao fazer uma paráfrase de trecho da Epístola deMathetes a Diogneto: 
Oh! doce troca! Oh! operação inescrutável!Oh! benefícios que ultrapassam todas as expectativas! Que a impiedade de muitosfosse oculta em apenas um justo, e que a justiça de um justificasse a muitostransgressores”, e então ele conclama: “aprenda Cristo e o aprenda crucificado,aprenda  a orar a Ele, perdendo toda esperança em si mesmo e diga: TuSenhor Jesus, és a minha justiça, e eu sou o teu pecado; tomaste em Ti mesmo oque não eras e deste-me o que não sou”.
A TEOLOGIA DA GLÓRIA levou a igreja ocidental romana a erros em sua teologia prática, entre elas à venda de indulgências. Mesclou sua ação com poder econômico e político. Ignorou otestemunho do Eterno de que o Cristo é o Filho, a Palavra, a revelação especiale perfeita, e procurou Deus na face da natureza. E não viu o Eterno agindo na história. Não entendeu o clamor da Reforma.
A TEOLOGIA DA CRUZ proclamou que todaação do Eterno é amor e que sua obra é a redenção do mundo, que tem seu centrona cruz, quando, sob olhos humanos, o Filho do Eterno parecia desamparado. Porisso, como Lutero digo que devemos ouvir.
Dr. Jorge Pinheiro