“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra essas coisas não há lei” (Gl 5.22, 23, grifos do autor).
A Bíblia identifica a Igreja como “... o precioso fruto da terra” (Tg 5.7), a concepção milagrosa de Jesus Cristo como: “... bendito [é] o fruto do teu ventre!” (Lc 1.42). A produção do verdadeiro cristão também recebe o símbolo de frutificação: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto...” (Jo 15.5). E a maneira mais segura de desmascarar um falso profeta é ensinada por Jesus Cristo nos seguintes termos: “Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7.20). Para Adão e Eva, havia um fruto proibido (Gn 3.3) e uma vez por ano o povo de Israel deveria comemorar a festa dos primeiros frutos (Lv 23.10).
Como vimos, a figura do fruto se presta para ilustrar muitas coisas, inclusive a maneira cristã de vivermos neste mundo (fruto do Espírito), e nesse caso a palavra fruto tem conotação de atitude, comportamento ou de um estilo de vida, que destaca as próprias características da natureza de Deus. Está em vista aqui os atributos comunicáveis do Senhor Jesus, que podem e devem fazer parte do nosso caráter, mas isso se nos submetermos ao comando do Espírito de Deus.
O FRUTO DO ESPÍRITO SANTO É FIDELIDADE
Paulo finaliza o versículo 22 com mais um aspecto do fruto do Espírito Santo, a saber: “... fidelidade...” (Gl 5.22). A palavra fidelidade significa exatamente o seguinte: “Qualidade de fiel, de permanecer firme em suas obrigações, crenças e convicções; observância estrita de promessas, deveres, obrigações, costumes etc.” (Dicionário Sacconi). O termo fidelidade é sinônimo de lealdade, constância, probidade e digno de confiança.
No original grego, a palavra fidelidade é pistis que também é traduzida por fé (Hb 11.1), mas de acordo com o contexto, pistis está mais associado à fidelidade, lealdade. O vocábulo denota uma espécie de confiabilidade que demonstramos com qualquer compromisso assumido. Quem realmente nasceu de novo sabe que precisa ser honesto, sincero, e fiel a Deus e aos seus semelhantes.
O termo grego pistis, traduzido em muitas outras passagens da Bíblia como fé, e aqui mais apropriadamente traduzido como fidelidade, nos faz entender que fé e fidelidade são como irmãs gêmeas idênticas. Visto que toda pessoa realmente de fé é fiel, e todo cristão fiel tem fé. Por exemplo, somente uma pessoa de fé cumpre o seu dever de devolver os dízimos e ofertas com fidelidade (Ml 3.10), mas sem esquecer-se de obedecer aos preceitos mais importantes da vontade de Deus (Mt 23.23; Mq 6.8). Isso significa dizer, que a verdadeira fé se mostra por meio de uma fidelidade completa.
Confessamos e cantamos em nossas celebrações que Deus é fiel, de fato, o que fazemos é somente declarar uma verdade contida nas Escrituras e atestada por todos nós no dia-a-dia (Dt 32.4). Mas a questão mais crucial e que não se cala é: Somos fiéis? Cumprimos nossos deveres e compromissos com o nosso próximo, igreja e sociedade de uma maneira geral? O Espírito de Deus quer nos ajudar nesse ponto, desenvolvendo mais esse aspecto do Seu fruto.
Precisamos possuir caráter fidedigno, confiável. Integridade é um ponto indispensável para o cristão, sobretudo quando este for um líder (1Tm 3.2). Não somos perfeitos, mas precisamos ser fiéis. Pessoas fiéis também erram (Sl 37.23, 24). Deus rejeitou Saul como rei porque ele sempre justificava os seus erros (1Sm 15.14-23); Davi, ao contrário, sempre que convencido de pecado, assumia seus erros com humildade e arrependimento (2Sm 12.7-13). Por isso ele era um “homem segundo o coração de Deus” (At 13.22).
O contrário exato de fiel é infiel. Na origem latina do termo (fides) fiel é “aquele em que se pode fiar, firmar”. Para comprar ou alugar um imóvel, por exemplo, exige-se um “fiador”, alguém que confirma, avaliza, abona a sua fidelidade. Se não cumprirmos as nossas obrigações, terminamos por trair a confiança que nos foi creditada e somos infiéis. Infidelidade faz parte do caráter do diabo (Jo 8.44), mas quem nasceu de novo precisa ser fiel, confiável, pois a “semente divina” está nele e não pode mais ser infiel (1Jo 3.8, 9).
Deus precisa de pessoas fiéis, confiáveis, íntegras (não perfeitas) para usar em Sua obra (1Co 1.26-30). Há um tipo de líder que a Bíblia chama de “adúltero”, pois, à semelhança dos cônjuges – que precisam ser leais ao voto de fidelidade que fizeram um ao outro ao se casarem – há muitos servos de Deus que vivem “traindo-o” (Tg 4.4; Lc 12.42-48).
Será que estamos correspondendo às expectativas que Deus tem colocado em nós? O que fazemos com o ministério que Ele nos confiou? Se permitirmos ser dominados pelo Espírito Santo, a fidelidade não será uma utopia em nossas vidas e ministério, mas um estado constante!
Walter Bastos
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