Síndrome de Papai Noel.
Nem Freud explicaria o fascínio que jatinhos e helicópteros exercem sobre os políticos e religiosos brasileiros. A sensação de voar em uma aeronave exclusivamente sua, deve liberar grandes doses de adrenalina em cima do Ego. Este frisson está acessível a pouquíssimos mortais.
Lembro da primeira vez que subi em um avião. Estava acompanhado de outros reles mortais, em um aeroporto repleto de gente. Enquanto esperava a ordem de embarque, o meu caldeirão emocional esquentava sensações de grandeza, medo, exclusividade e expectativa. O friozinho na barriga durante a subida e a descida, tornaram aquele momento inesquecível. Hoje, porém, se tornou algo corriqueiro.
Imagine o que deve sentir um pregador, acostumado a sensação de sardinha enlatada nos trens da CPMI e da Central do Brasil. Até que durante uma vigília no "morro do abacate", ouve uma profecia do tipo: "tu serás grande entre o meu povo"... O resto você sabe, ele se tornou pastor e líder de algo, que mais tarde se transformou em uma denominação que movimenta grandes somas de dinheiro e a decisão do que fazer com esta grana está nas suas mãos.
Finalmente chegou o dia em que ele, com seu novo helicóptero se aproxima de uma reunião em um estádio de futebol apinhado de gente. Todos olham para o alto e vêem o seu ídolo maior chegando bem ao estilo Papai Noel, trazendo nas costas um grande saco cheio de bênçãos a serem distribuídas entre aqueles a quem ele escolher.
Meu irmão, não há quem resista a tentação de criar novas situações como esta, se tiver recursos e poder de decisão para isto. Nem você e nem eu.
Logo, porém, este momento deixará de ser único e será contabilizado entre os eventos corriqueiros. Como recriar aquela sensação? De quais instrumentos e recursos eu preciso para liberar doses ainda mais altas de adrenalina?
Me aguarde!
Este seriado está apenas na primeira temporada.
Ubirajara Crespo