Tentativa de resgate do presídio de Bangu

Agentes da Polinter, divisão de capturas da Polícia Civil do Rio, prenderam na noite desta sexta-feira mais uma integrante da quadrilha que tentou resgatar um detento no Fórum de Bangu, numa ação desastrada que terminou com um policial e um menino de 8 anos mortos a tiros. Marcele Leon Rosa foi presa quando chegava ao Morro do Dezoito – região que já foi controlada por milicianos e, recentemente, voltou ao controle de traficantes. O papel de Marcele no resgate era o de levar uma arma para o bandido Alexandre Bandeira de Melo, o Piolho, durante uma visita íntima. Como revelou reportagem do site de VEJA, o criminoso admitiu ter ‘comprado’ a visita por 5.000 reais, subornando PMs que vigiavam o fórum. A visita íntima clandestina – uma situação absurda em uma instalação da Justiça – era apenas a fachada do plano. Marcele entregaria a Piolho, no encontrou, uma pistola, que o detento usaria para escapar. O plano verdadeiro foi revelado depois de uma investigação da Polinter. Leia também: Bandido pagou 5.000 reais para ter visita íntima dentro do Fórum de Bangu A história apresentada por Piolho em um depoimento expôs uma série de falhas no sistema de transferência de presos para audiências. Piolho só foi chamado ao Fórum porque pediu à advogada de outro criminoso para ser arrolado como testemunha. Forjou, assim, a necessidade de ser retirado do presídio de Bangu para ser levado à rua. A advogada que aceitou participar do esquema é Adriana Godoy, que defende o bandido Luiz Armando Lopes Amadeu Vieira, conhecido como Dallas. A advogada e duas irmãs dela foram presos pela Divisão de Homicídios (DH), assim como outro advogado que teria participado do esquema. Presídios do Rio terão salas de videoconferência para interrogar detentos Desdobramentos – O plano orquestrado por Piolho resultou no tiroteio que parou o bairro e comoveu o país, deixando morto um menino Kayo da Silva Costa, 8 anos, que passava pelo local para ir a uma escolinha de futebol. Também foi morto na ação o policial militar Alexandre Rodrigues de Oliveira, de 40 anos. Outro PM e uma mulher que passavam pela rua foram baleados. O episódio no Fórum de Bangu opôs duas obrigações do Estado: garantir o direito de defesa e o de zelar pela segurança dos cidadãos. Apesar da grita de advogados e defensores públicos, o Tribunal de Justiça do Rio aprovou uma resolução que restringe a presença de réus presos nos fóruns do estado. A resolução determina que  criminosos à disposição da Justiça só serão transportados para participar de audiências – e não mais para serem citados, notificados ou intimados, como ocorria. A medida entrará em vigor no dia 7 de janeiro de 2014. Para que os detentos continuem tendo seus direitos garantidos, o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, terá cinco salas de videoconferência para interrogatórios.