Ef 5:12-18: Não vos embriagueis com vinho, mas enchei-vos do espírito
O conceito
bíblico de espiritualidade passou por diversas transformações e incorporou
novas formas, conteúdos e justificativas. Uns acham que evoluiu e outros, que
regrediu.
Os sinais indicadores
desta nova espiritualidade passaram a ser tremer, sugar, babar, arrepios
intercostais, contrações musculares, quedas e olhos virados.
Estes sinais foram
construídos pelos pentecostais e Neo, que lhes deram grande visibilidade pois
constituem o maior e mais barulhento entre os evangélicos (Cerca de 85 %).
O cultivo do Fruto do
Espírito cedeu lugar para a busca de euforia espiritual não normatizada. Uma
espécie de mística existencialista, de avaliação mais pessoal, portanto,
inquestionável para os seus usuários. Suas revelações procuram o reconhecimento
sobrepondo a elas frases e expressões como: Deus me mostrou, falou ou eu sonhei,
vi, senti, etc.
Tudo isto é medido
pelas sensações e pela percepção individual de Deus que cada um tem. É claro
que isto pode virar uma Babel doutrinaria com sensações e interpretações
diferentes a respeito do que Deus disse. Geralmente estas questões são
resolvidas dando preferência pela opinião de quem possui uma patente maior.
Questionar o sentir da liderança pode ser visto como ofensa, incredulidade e
rebeldia.
O selo da aprovação
divina pode vir carimbado por impressões diversas. Alguns precisam ver um fogo,
fumaça, vento, barulho, silêncio, brilho ou nuvem. Outros esperam pingos de
óleo, de chuva, sensação de calor ou de frio. Há também os mais gulosos, que
esperam passar por tudo isto de uma só vez.
Embora conste na
cartilha confessional do grupo, que a Bíblia é a única regra de fé e prática,
no dia a dia isto não se confirma totalmente. Provavelmente esta frase foi
copiada da confissão de fé de uma Igreja reformada e ali ficou, de propósito ou
acidentalmente.
A Bíblia enfatiza
sinais comportamentais, como verdade, justiça, amor, consideração,
misericórdia, etc. A espiritualidade crista pede um culto racional, sem
desprezar suas manifestações mais emotiva. Não poderia ser diferente, visto que
fala a pessoas portadoras da capacidade de pensar e de sentir.
Antes de usar estes
ingredientes no culto, devemos reconhecer que a diferença entre o remédio e o
veneno esta na dose. Podemos construir um ambiente festivo, mas também de
reflexão, aprendizado e desafios comportamentais, profissionais e ministeriais.
Ubirajara Crespo
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