2Rs 10.1,2: Foi Roboão a Siquém, porque todo o Israel se reuniu lá, para o fazer rei.
Sabedoria a gente desenvolve mediante a capacidade de aprender com a vida. Alguns precisam de mais tempo do que outros e ainda há aqueles, para quem, nem todo o tempo do mundo é suficiente. A fonte da sabedoria de Salomão não era o berço, foi implantada sobrenaturalmente, era pessoal e intransferível, algo que ocorreu entre ele e Deus. Quem quiser beber desta fonte, precisa alcançar o mesmo nível de intimidade com o altíssimo.
Roboão, seu filho, foi reprovado logo no seu primeiro teste: "Mandaram chamá-lo; veio ele com todo o Israel a Roboão, e lhe falaram: Teu pai fez pesado o nosso jugo; agora, pois, alivia tu a dura servidão de teu pai e o seu pesado jugo que nos impôs, e nós te serviremos".
Da sabedoria do Rei Salomão, restou para o seu filho e natural sucessor apenas o palito do picolé. Nem tudo que nasce no forno é biscoito, assim como nem todos que nascem de Salomão sabem tocar violão.
Como passar sabedoria adiante? Só se além de reinos, abastança, carros, palácios e fama, transmitirmos valores subjetivos que libertam a alma das tentativas de suborno mais arrojadas. Só dando o endereço da fonte onde bebemos. Isto não é alcançado mediante discursos, mas mediante demonstrações. Infelizmente a sabedoria ainda não é transmitida por osmose e nem pela engenharia genética, pelo menos no caso do filho de Salomão. Esta tecnologia ainda está longe de ser alcançada.
Sabedoria é tradução da palavra hebraica hokmah, que tem a ver com a capacidade de transformar teoria em prática. E olha que Roboão nem esperou o seu pai esfriar no caixão para demonstrar sua incompetência logo no início de seu mandato. Já foi atropelando o povo, desrespeitando o conselho dos mais experientes, provocando um racha de proporção nacional e conseguiu destruir tudo o que Davi, seu avô construiu. Ele transformou a sua própria gente em inimigos.
Dos mais antigos recebeu o seguinte conselho: "Se te fizeres benigno para com este povo, e lhes agradares, e lhes falares boas palavras, eles se farão teus servos para sempre. Porém ele desprezou o conselho que os anciãos lhe tinham dado".
Dos seus amigos de infância ouviu e seguiu o seguinte conselho: "Assim falarás ao povo que disse: Teu pai fez pesado o nosso jugo, mas alivia-o de sobre nós; assim lhe falarás: Meu dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de meu pai".
Sua impetuosidade dividiu a nação. Salomão, porém, não saiu ileso desta crise, pois apesar da sua incrível capacidade para gerenciar o Reino, não teve o mesmo desempenho ao administrar o seu lar. Não conseguiu passar adiante o mapa da sabedoria que lhe fora implantada sobrenaturalmente.
Preciso admitir que administrar uma família tão numerosa como a dele, não deve ter sido uma tarefa nada fácil. Não sei se Salomão demonstrava para com as demais esposas, o mesmo pique amoroso que declarou ter com Sulamita no livro de Cantares, mas certamente gerou grandes expectativas. Provavelmente, por conta da sua ocupação, saiu desta vida devendo amor para muita gente: Filhos, irmãos, amigos de infância e muitos que um dia foram imprescindíveis para ele, mas que foram separados pelo "cumprimento do dever". Talvez seja por este motivo que Salomão concluiu que tudo era vaidade, que correu atrás do vento e que debaixo do Sol não há nada que seja de extrema importância.
Ec 2.10,11: "Tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas. Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol".
Quando Salomão liberou testosterona, se deixou dominar completamente pelos desejos que ela provoca. Ele foi a sua primeira vítima, o primeiro a pular fora do barco moral que construíra no livro de Provérbios.
Salomão não utilizou sua sabedoria em todos os momentos da sua vida. Se o fizesse, teria se lembrado do estrago que uma única mulher causou em toda a humanidade, levando o seu marido, Adão a fazer a maior de todas as besteiras que alguém poderia fazer. Agora, logo ele, o mais sábio dos homens achou que daria conta de algumas centenas de representantes de uma espécie tão perigosa.
1Rs 11.1,2: "Ora, além da filha de Faraó, amou Salomão muitas mulheres estrangeiras: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hetéias, mulheres das nações de que havia o SENHOR dito aos filhos de Israel: Não caseis com elas, nem casem elas convosco, pois vos perverteriam o coração, para seguirdes os seus deuses".
Uma boa parte destes casamentos foram fruto de negociações políticas. Um dos costumes mais nefastos da época era considerar as filhas como moeda de troca. Uma dança do ventre bem sensual vista por uma cabeça estimulada pelo vinho acaba com qualquer tipo de sabedoria. É melhor se afastar, como fez José, do que tentar resistir. A sua sabedoria não foi hereditária, mas a testosterona foi. Seu pai, Davi demonstrou esta mesma tendência de queda, quando de sua sacada, viu Betseba tomando banho diante de uma janela "estrategicamente" escancarada. Salomão foi envolvido uma decisão muito difícil para quem tem muito amor pra dar: Deixar-se levar pela dança de uma gatinha tão sensual, ou obedecer a Deus. O diabo nem lhe deu chance de pensar e muito menos de medir as consequências, sua mente já estava subornada e não encontrava outra saída a não ser embarcar nesta canoa furada.
A moral da história reside no seguinte: Dons e ministérios dados por Deus podem se transformar em bênção ou maldição. Na metade do caminho tudo pode mudar. A fama, a adulação, o controle exercido sobre outros, a badalação, a tietagem e as vantagens financeiras fazem com que a cabeça pensante seja tele transportada para o ventre, ou para algum outro local igualmente impróprio.
Diga-me uma coisa: Se nem Salomão resistiu a este tipo de suborno, você acha que alguém mais teria a capacidade de resistir?
Ubirajara Crespo
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