A Nova Direção proposta aqui é uma retomada de rumos já tomados pela Igreja. resgatar valores antigos, mas sem perder o contato com a realidade atual. A mensagem de Jesus continuará relevante, mesmo que seque a erva e murche a flor.
Tudo o que vem dele, é permanente.
O amor de Cristo por nós, sua Palavra, suas promessas e sua posição única no topo do universo, continuam sendo as mesmas, aconteça o que acontecer na base. Se for preciso, vamos mudar o rumo e voltar atrás, para bem longe da cauda.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Cristianismo e Clichês


Cristianismo e Clichês


Por Luiz Leite

Todo comunicador que se preza deveria se esforçar para escapar ao uso daquelas construções desgastadas pela repetição excessiva às quais denominamos “lugar-comum”. Ainda que se tenha toda a diligência, não é incomum “baixarmos a guarda” e vermos nosso texto visitado por um dos famosos e indesejados jargões.

Nem mesmo o badalado Manual de Redação e Estilo (Estado de São Paulo), de Eduardo Martins, recomendado por gigantes da literatura como Raquel de Queiroz e Ligia Fagundes Teles, consegue se desvencilhar dos indesejáveis penetras.

Dando instruções para a elaboração de textos simples e elegantes, Eduardo Martins, alerta acerca do problema e da necessidade de evitar tais recursos dizendo: “O lugar-comum é a frase (…). Deve ser evitado a todo custo…”. Ora, este é um dos mais famosos clichês que deveria ser evitado a todo custo.

O uso dos chavões é indesejado porque é recurso ineficaz quando se trata de transmitir verdade que necessita ser enfaticamente gravada na mente consciente do leitor. Este artifício dilui conceitos e rouba-lhes o vigor, tornando uma idéia excelente em assunto banal, desinteressante.

É difícil, entretanto, não cair em tal arapuca.


Este tipo de atalho conceitual aponta para um caminho mais fácil na comunicação do pensamento, mas de forma alguma apresenta a melhor alternativa no trabalho às vezes complexo de transmitir idéias. O comunicador, com exceção daqueles que atuam na área do nonsense, deve fugir desse engodo, em respeito àqueles a quem se dirige, afinal, ninguém merece, né?

Cristianismo e clichê são duas coisas que não se combinam. Quando o clichê se infiltra no Cristianismo acaba por descaracterizá-lo; Quando, outro lado, o Cristianismo penetra em uma vida marcada pelo clichê, a revoluciona! Não deveria haver coexistência pacífica entre os dois. Fato é, entretanto, que tornou-se bastante comum encontrar aqui e ali essa simbiose estranha e de extremo mal gosto.

Infelizmente, muitos que se dizem cristãos fazem de suas vidas um grande e desgastado clichê. Pois a proposta de Jesus, se bem compreendida, resgata o homem do lugar comum, para torná-lo um paradoxo, assim como o foi o seu próprio autor. A fé cristã é paradoxal, radical, e não admite lugar-comum. Tudo nela é extraordinário, surpreendente, desconcertante, ainda que por vezes nos parece tão simples.


Cada página é de tirar o fôlego, de arrebatar a alma, de tirar o chão de sob os pés…


Encher o cristianismo de clichês é um desrespeito ao sangue e memória de Jesus e dos mártires que após ele se empenharam na defesa da fé. Os jargões da religião são os mantras, regras, imposições, rituais sem significância e equivalência com a vida; são as fórmulas mágicas que apelam o imaginário supersticioso que induzem a uma ilusão tola e concepção fantasiosa da vida. Por diluir a mais bela e potente mensagem nas águas fétidas da mesmice, da estagnação, da religiosidade morta, é que a fé cristã tem sido muitas vezes atacada.

O apóstolo Pedro recomenda os irmãos em sua primeira carta dizendo: “(…) estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. (I Pe 3.15) Bom seria se ele tivesse acrescentado:


“E por favor, evitem os clichês!”


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