A Nova Direção proposta aqui é uma retomada de rumos já tomados pela Igreja. resgatar valores antigos, mas sem perder o contato com a realidade atual. A mensagem de Jesus continuará relevante, mesmo que seque a erva e murche a flor.
Tudo o que vem dele, é permanente.
O amor de Cristo por nós, sua Palavra, suas promessas e sua posição única no topo do universo, continuam sendo as mesmas, aconteça o que acontecer na base. Se for preciso, vamos mudar o rumo e voltar atrás, para bem longe da cauda.

domingo, 26 de abril de 2009

A crucificação

O maior funeral do século

Por Luiz Leite

(Autor do Livro "Inteligência do Evangelho", publicado pela editora naós)

O maior funeral do século XX ocorreu no dia nove de março de 1953. O homem cuja morte produziu esse recorde impressionante se chamava José. Mas esse José não foi como um desses que comumente se vêem por aí, de carne e osso, falíveis, porém carregando em si o lume da nobreza que se espera dos humanos. O defunto que causou tamanho frenesi tornou-se famoso por traços que colocavam em dúvida sua suposta humanidade… Ainda hoje causa calafrios.
Apesar de sua origem humilde, tornou-se surpreendentemente grande. Às vezes nos custa entender como pessoas como o referido José, ou mesmo como o nosso famoso Luiz crescem tanto… Eles simplesmente parecem se recusar a conformar-se com uma vida circunscrita ao quintal de pobreza e privação em que foram criados. Agigantam-se de maneira tal que deixam pasmos os “escutadores” da história. Porque enquanto uns assistem e escutam a história, outros a escrevem!Adotou um apodo altivo e também revelador. Fez-se chamar José, o homem de aço. Esqueceu-se, todavia, que os humanos são mortais, e que na verdade são tomados do pó e ao pó retornarão. O homem de aço na verdade era de barro, o que ficou provado no dia em que “o cântaro quebrou-se junto à fonte e rompeu-se o tênue fio de prata”. E agora José? É impossível não lembrar Drumond.
A festa acabou,a luz apagou, o povo sumiu,a noite esfriou,e agora, José ?e agora, você ?(…)

Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopiae tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José ?(…)

Milhões de pessoas compareceram ao seu funeral. Muitos compareceram no velório nem tanto para dar o último adeus ao “paizinho” do comunismo, mas para certificarem, como Tomé, não que o seu líder supremo estava vivo, mas se de fato havia morrido. Aquela nova era muito boa para ser verdade pois parecia-lhes que José era imortal, inquebrantável, um homem de aço.Dignitários do mundo todo vieram também lhe prestar as honras, ainda que por pura média diplomática. São os mestres das white lies, da hipocrisia institucionalizada. Muitos, sob a máscara sombria do luto, alegraram-se de ver inerte em seu ataúde dourado o abominável líder que assassinou dezenas de milhões do seu próprio povo. Foi assim que, em meio a muita pompa e circunstancia Josep Dzhugashvili “Stalin” (homem de aço em russo) foi ao encontro do seu destino eterno.
Dezenove séculos antes morria Jesus de Nazaré. Tinha algumas coisas em comum com Stalin. Era de origem extremamente humilde, mas a vida lhe reservou um papel muitíssimo grande. Aqueles que o conheceram em sua humilde vila de Nazaré exclamaram aturdidos: “Não é este o filho de José?” “Não estão entre nós seus irmãos e irmãs?” As semelhanças, entretanto, felizmente terminam por aí.
Ao passo que Stalin utilizou-se de todas as manobras possíveis para alavancar sua carreira e realizar seu projeto pessoal de poder, Jesus, ao contrário, jamais “atropelou” seus opositores. A truculência de um e a gentileza do outro os colocava definitivamente em campos opostos.
A morte de Jesus, diferente da de Stalin, não foi maquiada, nem a informação manipulada. Crucificado às 9 da manhã de uma sexta feira triste, morreu surpreendemente às 3 da tarde, em apenas 6 horas, isto porque os condenados levavam pelo menos 36 horas para morrer, e às vezes chegavam a ficar 9 dias pendurados, agonizando na cruz antes de renderem o espírito.Seu sepultamento se deu às pressas. Não houve tempo para o trabalho dos embalsamadores; Não houve tempo para esperar amigos distantes. O sol estava para se pôr em não mais que três horas. O shabbat se aproximava. O corpo foi reclamado, liberado e sepultado em tempo recorde. Os poderosos da Terra não viriam mesmo prestar-lhe honra alguma. Morreu o Rei dos reis e foi sepultado por um pequeno grupo de plebeus.
A história do “homem de aço” e do “Cordeiro” respectivamente tanto nos apavora quanto nos inspira. O sepulcro onde repousam os restos mortais de Stalin é visitado com um misto de terror e desconforto por aqueles que conhecem sua história. O sepulcro de Jesus já é visto com sublime contentamento pelos seus incontáveis fieis. O tumulo está vazio. “Ele não está aqui – disse o anjo àqueles que foram ao sepulcro no domingo pela manhã - Ressuscitou!A obra de suas vidas ocasionou desfechos absolutamente distintos. Imediatamente após a morte de Stalin iniciou-se um processo de “desestalinização” da antiga URSS. Duas semanas após seu sepultamento a imprensa deixou de mencionar o seu nome ad nauseam, como era costume nos seus dias de glória. O mundo queria mesmo esquecer Stalin.
Com Jesus, entretanto, o movimento se deu de modo inverso. Imediatamente após sua morte e ressurreição, iniciou-se o fenômeno de Cristianização do planeta que, a partir de Jerusalém, atingiria Judeia, Samaria e até os confins da Terra, como o Jaquetô, nos cafundós da Bahia, (aquilo é que é confins da Terra!) lugarejo onde, na infância ainda, ouvi pela primeira vez falar do doce Nome.De Jesus queremos lembrar. Do malvado José preferimos esquecer! (E pensar que fui comunista um dia, e que olhava com veneração para o bigode do tal José e nenhuma importância dispensava ao carpinteiro nazareno! Não é irônico que eu hoje pregue apaixonadamente a este e despreze tão completamente aquele?).
Luiz Leite

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