Forças Armadas iniciam ocupação do Complexo da Maré, no Rio
Conjunto de favelas tem 10 km² de área e 130 mil habitantes; 16 morreram em 15 dias
Agência Estado
A passagem dos tanques chamou atenção dos moradores na Maré
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A passagem dos tanques chamou atenção dos moradores na Maré
Fábio Motta / Estadão Conteúdo
Tanques militares e outros veículos de guerra começaram a ocupar na manhã deste sábado (5) as 15 favelas que compõem o Complexo da Maré, na zona norte do Rio. A operação das Forças Armadas envolve cerca de 2.500 agentes e deve permanecer no local até 31 de julho.
O conjunto de favelas, que tem 10 km² de área e 130 mil habitantes, estava ocupado pela Polícia Militar desde o último domingo (30).
Apesar do avanço dos blindados do Exército e da Marinha pelo complexo da Maré, a rotina nas comunidades praticamente não mudou.
A única novidade era que moradores se aglomeraram perto dos tanques militares para fotografá-los.
— Arma a gente já viu muitas, é comum, mas tanque de guerra eu não conhecia", disse uma moradora, que se identificou apenas como Maria do Carmo, de 47 anos.
Comandadas pelo general de brigada Roberto Escoto (comandante da Brigada de Infantaria Paraquedista), as tropas têm a missão de manter a segurança em uma das regiões mais violentas do Rio, onde, até a ocupação policial do dia 30, havia constantes confrontos entre traficantes de facções rivais.
Moradores também se queixam da coação de milicianos, que, mesmo após a entrada das forças de segurança, continuariam dando ordens em pelo menos duas favelas na região.
A ocupação da Maré foi uma resposta à onda de ataques às UPPs no Estado do Rio, que ganhou intensidade desde o começo de 2014.
Desde 21 de março, as forças de segurança já prenderam 162 pessoas e recolheram 101 armas, além de 2.252 munições e grande quantidade de drogas.
Os dados foram divulgados na noite de sexta-feira (4) pela Secretaria de Estado de Segurança. Segundo o relatório, houve 36 confrontos entre a Polícia Militar e criminosos, resultando na morte de 16 suspeitos e no ferimento de oito.
Prazo pode se estender
A Secretaria Estadual de Segurança pediu para que o governo federal autorizasse a permanência das tropas por mais tempo — a princípio, os militares sairiam no fim de maio — e o prazo de 31 de julho poderá se estender caso haja necessidade.
Em seguida, UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) serão instaladas no complexo. A ideia é repetir a estratégia usada no Complexo do Alemão, em 2010 e 2011, quando os militares também fizeram parte da pacificação.
A base ficará montada no quartel do CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio), na avenida Brasil, nas imediações do Complexo da Maré. A Aeronáutica também está de sobreaviso para atuar na área.
As Forças Armadas apelam para que os moradores denunciem o esconderijo de armas e drogas. Nesta semana, policiais do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) receberam uma informação anônima e apreenderam uma tonelada de maconha na Baixa do Sapateiro.
A droga estava enterrada embaixo da linha Vermelha e foi encaminhada para a Delegacia de Bonsucesso (21ª DP). Foi a maior apreensão de drogas feita pela Polícia Militar este ano. O telefone do Disque-Denúncia é (21) 2253-1177, com anonimato garantido.
Portal R7
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