As vezes sinto uma saudade imensa dos tempos em que as coisas eram mais
símples, mesmo que fossem mais difíceis. Tempos em que ser crente era
equivalente a ter um defeito físico, pois éramos de tal modo deixados de lado,
esnobados, repudiados, que vivíamos como ovelhas no meio de lobos. Mas lobos
eram lobos e ovelhas, ovelhas. Hoje em dia não se sabe bem distinguir, pois a
todo momento ouvimos balidos de lobos e uivos de ovelhas...
Sinto falta de tudo naquele tempo; do cheiro de madeira dos bancos antigos,
das vozes suaves, mas firmes de nossos pastores, de cada passo fraco, mas
decidido a carregarmos a Cruz. E o cheiro de Paz no ar em meio a provas tão
cruentas nas coisas mais comuns: estudar, trabalhar, vestir-se, cantar.
Que pena! Gostaria de vez em quando, de entrar numa igreja, antiga e
aconchegante e tão somente ouvir a simplicidade do Evangelho; sem voltas
nem idas difusas e contrastantes do Evngelho. Apenas o doce e calmo
Evangelho do Meu amado Jesus.
Talvez tenhamos errado. Talvez a culpa seja só e miseravelmente nossa.
Queríamos ser vistos, reconhecidos, aplaudidos. E acabamos por nos perder entre
tantas vozes, tantos sons estranhos e estridentes.
Paz, paz, paz! Clama a nossa alma agora. E clama o Espírito Santo: _quem for
sujo, suje-se mais, e quem for limpo, continue a limpar-se! E ficamos olhando
para os lados, sem saber que vozes ouvir.
Modas, modismos, ismos, ismos, ismos demais! Quantos novos
métodos de conseguirmos vitórias, curas, riquezas, prosperidades...
E os dons espirituais? Cristãos querendo ser reverenciados a todo custo pelo
poder que ostentam vaidosamente.
Sinto tanta sede, tanta falta daquele tempo em que éramos perseguidos por
sermos simples como as pombas. Acho que aprendemos demasiadamente a ser como as
serpentes; mas não o ser prudente: aprendemos a ser sagazes.
E eu aqui, precisando mais uma vez apenas chorar o Sangue de Cristo em
mim, chorar meus pesares aos pés do meu Senhor. Quem sabe cantar pra Ele os
antigos hinos tão inspirados pelo Espírito Santo, em um tempo em que ser crente
era ser crente na essencia da Palavra, e não em um ringue onde Deus é
o primeiro a ficar de fora.
Saudade do Evangelho de Jesus Cristo. Saudades da pureza do
Evangelho de Jesus Cristo. Aba Pai! Até quando ficaremos Te esperando Amado
Nosso? Até quando ficaremos a aguardar a Tua volta. Apressa-Te a socorrernos!
Antes que venham os maus dias em que diremos: não temos neles prazer.
Auhsey Rohnes
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