Sex
, 24/08/2012 às 09:30
Festa democrática une acusação, defesa e juiz
Fausto Macedo, Felipe Recondo e Vera Rosa | Agência Estado
Os atores do mensalão frequentam dois cenários distintos em
Brasília. Nos dias de sessão do Supremo Tribunal Federal, à tarde,
advogados e ministros guardam distância protocolar e, não raras vezes,
os bacharéis são tratados rispidamente. À noite, em festas pela capital,
os doutos se confraternizam.
"Foi uma festa absolutamente
democrática", disse ontem o advogado José Gerardo Grossi, de 80 anos,
ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, aniversariante da noite de
quarta-feira. Carismático, ele recebeu no tradicional Palace Brasília
Hotel muitos convidados. Estavam no mesmo ambiente protagonistas e
coadjuvantes do mensalão - acusação, defesa e julgador - como o ministro
Marco Aurélio Mello e a mulher do ex-ministro José Dirceu, Evanise
Santos.
O próprio Dirceu, que está recluso enquanto
transcorre o julgamento, fez questão de ligar para o anfitrião e o
felicitou. "Ele (Dirceu) me ligou parabenizando, é outra pessoa de quem
gosto muito", afirmou Grossi.
A festa reuniu os notáveis da
advocacia criminal, ora defensores dos réus do esquema que abalou o
governo Lula. Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça e advogado do
executivo José Roberto Salgado, do Banco Rural; Arnaldo Malheiros
Filho, que representa Delúbio Soares; Alberto Zacharias Toron, defensor
do deputado João Paulo Cunha (PT-SP); Pierpaolo Bottini, constituído
pelo ex-deputado Professor Luizinho (PT-SP).
No mesmo
ambiente, estavam o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e seu
antecessor, Antonio Fernando de Souza, acusadores do mensalão. Assim
como o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), réu de outro mensalão - o
mineiro.
Língua afiada
Num canto,
faceiro, Marco Aurélio estava rodeado pelos convivas e, com a língua
afiada, de tudo falava. Indagado sobre o que quis dizer com contraponto
no julgamento, ele assim se manifestou: "Pretendi restabelecer a
harmonia na Corte".
Aqui e ali, o tema das rodinhas era o
julgamento. "O comentário geral era a expectativa em relação à conclusão
do voto do relator", disse o ministro Marco Aurélio. "Houve uma
inversão na apreciação da conduta dos réus."
O anfitrião
ficou emocionado com o carinho recebido dos amigos. "A festa foi
absolutamente democrática. Veio o José Batista Sobrinho, do Friboi,
maior abatedouro de carne bovina do mundo, e a Maria José, que passa a
nossa roupa há muitos anos", disse Grossi.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
Espero que a atuação do relator e do revior não seja um jogo de cena: Mocinho e bandido, posição e contraaposição
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