O coração parecia explodir de alegria. Um filho.
Um desejo escondido. Camuflado.
Ninguém sabia. Mas, para que saber se não podiam mudar a sua situação? A quem recorrer? A quem pedir socorro? A esterilidade não era apenas uma doença, era uma maldição. Mas agora o sonho podia ser revelado. O desejo contido por tantos anos podia ser gritado a plenos pulmões. A maldição fora quebrada. Finalmente um filho. Não mais um sonho. Realidade. Poder abraçar. Beijar. Pegar no colo. Fazer carinhos. Apertar a bochecha. Levar para passear.
Imagine a alegria daquela Sunamita, citada no Segundo Livro de Reis, ao tomar nos braços aquela criança. Imagine o prazer em trocar as fraldas. A emoção em ouvi-lo falar mamãe. Ensinar os primeiros passos.
Mas, de repente, um susto. Uma dor de cabeça. Um mal estar. E num piscar de olhos o sonho vira pesadelo. A euforia se transforma em angústia. A alegria vira lágrimas. (Ler 2 Reis 4:8-36). Você já viveu isso.
Em algum período da vida já sentiu o gosto amargo de um momento feliz ser varrido pelos ventos uivantes da desgraça. A traição do marido. Um diagnóstico de câncer. Um trágico acidente em uma viagem de férias. Um aborto inesperado. Um comunicado de demissão.
A dor não manda aviso. Não bate à porta. Não pede licença. Invade sem ser convidada.
Não sei se isto te consola, mas você não é o único a ser atingido pelo furacão do sofrimento. Ouça os gritos de Paulo clamando incansavelmente para se livrar de um espinho na carne (2 Co 12:7-10);
Veja as gotas de sangue escorrendo no rosto angustiado de Jesus diante do terror da morte (Lc 22:44); Observe o desespero de Jefté, ante o irrevogável sacrifício da filha (Jz 11:35). Olhe para Jó. Num momento, o êxtase, o paraíso. No outro, a dor, o abismo. Num momento, o Trono, a Glória. No outro, o sofrimento, a cruz. Num momento, a celebração da vida, da vitória. No outro, a angústia da morte, do luto. Num momento, a alegria de ter tudo. No outro, a tristeza de não possuir nada.
O que fazer, quando o brilho do sol é ofuscado pelas nuvens negras da adversidade? O que fazer, quando a beleza de um dia é abruptamente interrompida pela escuridão da noite como um eclipse lunar?
Correr? Para onde? Ignorar?
Como? Clamar? A quem?
Lamentar? Para que?
Não fomos criados para o sofrimento. A dor vai sempre nos pegar de surpresa. Nascemos para sorrir. Deus nos fez para sermos felizes. Quando saio de casa, não carrego esparadrapos, ataduras, analgésicos na minha mochila. Quando faço meus exames de rotina, não imagino que vou me deparar com uma doença incurável. Quando viajo de avião, não levo um pára-quedas de reserva.
Decididamente, não estamos preparados para o sofrimento. Mas um dia ele chega. Uma hora ele te abraça. Você não está imune a ele. E quando ele te atinge, machuca. Fere. Maltrata. Amedronta.
Sabe qual o maior problema do sofrimento? O sentimento de propriedade. Ele é seu. É personalizado. Traz o seu nome no rodapé. É você que tem de enfrentá-lo. Enfrentar a descoberta de que o filho está viciado em drogas.
Enfrentar a dor de uma traição. Enfrentar a notícia da gravidez da filha adolescente. Enfrentar a realidade do abandono. Tentamos nos desvencilhar dele, mas ele está lá como uma sombra. Acompanha você no horário do almoço. É seu companheiro na hora do sono. Feche os olhos e você o verá como um fantasma.
O sofrimento é uma bagagem que tentamos arriar, mas não conseguimos. É um peso que tentamos nos livrar, mas não podemos.
Mas Jesus traz uma boa notícia. Ele mostra alguém que quer aliviar este fardo. Alguém que tem prazer em te socorrer. Alguém que é capaz de transformar seus momentos de luto em momentos de festa. Ouça seu convite: “Vinde a mim, todos os que estais cansados...”, e descanse na Sua promessa: “... e eu vos aliviarei”. (Mt 11:28)
As pessoas podem ignorar seu pranto, mas Jesus não. Seus amigos podem ser insensíveis à sua aflição, mas Jesus não. Você pode estar enfrentando a morte, mas não a está enfrentando sozinho. Você pode estar enfrentando o abandono, mas não o está enfrentando sozinho.
Jesus está sempre disposto a te enxugar as lágrimas, a te estender as mãos, a te ceder um ombro. Procure por Ele e você o encontrará no meio dos paralíticos, dos lunáticos, dos coxos, dos enfermos. Dê uma olhada em um cortejo fúnebre e você verá o seu rosto.
Ele escolheu estar entre os pobres, entre os que choram, entre os excluídos, entre os aflitos. Ele escolheu o nosso mundo, para viver a nossa vida. Ele experimentou toda dor e toda tentação para entender nosso sofrimento.Por isso, quando você se volta em busca de ajuda, Ele corre em sua direção para ajudá-lo. Seja o que for que estiver enfrentando, ele sabe como você está se sentindo. Ele já passou por isso.
O que Jesus fez por Jairo, Ele faz por você. (Mt 9:23-25) O ouvido que atendeu ao pedido de Marta e Maria está atento ao seu clamor. (João 11:3-44) Os olhos que viram aqueles dois cegos na entrada de Jericó, estão observando sua dor. (Mt. 20:30-34).
As mãos que curaram a enfermidade daquele homem junto ao tanque de Betesda estão estendidas para você. (João 5:2-9). O Cristo, que agiu no passado, continua agindo no presente.
Portanto, quando o sofrimento invadir a sua casa, corra para Ele.
Quando a dor arrombar a sua porta, clame por Ele.
Quando a aflição penetrar a sua alma, descanse Nele.
Quando as lágrimas rolarem dos seus olhos, olhe para
Ele e lembre-se: “Ele ainda tem um milagre para você.”
Tirado do livro de Joel Sinete (Quando as Lágrimas rolam"
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